Dólar alto ajuda crescimento, afirma Delfim Netto

Brasil Econômico - 15/07/2013
Dólar alto ajuda crescimento, afirma Delfim NettoO ex-ministro acredita que o dólar mais forte não vai ter grande efeito sobre as exportações, já que a renda do mundo está caindo ou estagnada.
A recente alta do dólar beneficia a indústria nacional e dá sobrevida à economia brasileira, ao levar à troca de produtos importados por locais, mas o crescimento adiante depende do sucesso dos leilões de infraestrutura no país, avalia o economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto.
"A indústria está murcha e é o único setor onde você ainda tem, talvez, recursos para expandir um pouco a produção, porque você durante anos substituiu a produção industrial por importações", diz Delfim.
Ele acredita que o dólar mais forte - a divisa norte-americana acumula alta acima de 13% sobre o real desde maio- não vai ter grande efeito sobre as exportações, já que a renda do mundo está caindo ou estagnada. Mas é possível esperar substituição de importados, "o que daria um certo alento para o crescimento industrial e se reproduziria nos outros setores".

A balança comercial brasileira acumula déficit de US$ 3,5 bilhões no ano até a segunda semana de julho, ante superávit de US$ 7,8 bilhões no mesmo período do ano passado. O rombo se deve ao aumento de 8,5% nas importações, enquanto as exportações recuaram 0,9% no mesmo período.
"Você tem que começar a pôr fogo na fogueira, daí você tem uma coisa imediata, digamos em seis meses. Agora, o grosso do investimento só vai acontecer se os leilões de concessões forem um sucesso", afirmou Delfim, um conselheiro próximo da presidente Dilma Rousseff.
O governo federal aposta numa série de licitações de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos para acelerar a economia, em projetos com investimentos totais de mais de R$ 200 bilhões.
Para Delfim, o governo peca ao querer fixar a qualidade dos projetos de logística e também a taxa de retorno dos investidores privados nesses leilões.
"Leilão não é coisa para amador, é coisa para profissional. Eu acho que o governo ainda continua com um certo amadorismo nesse sistema", disse, acrescentando que o governo "está aprendendo" sobre o assunto.Apesar disso, Delfim está "relativamente" otimista com a situação atual do Brasil. Ele estima que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá entre 2% e 2,5% neste ano e, dependendo do resultado dos leilões de concessões, de 3% a 3,5% em 2014.
"Se tivermos sucesso nos leilões, é óbvio que vai melhorar (a atividade econômica) e melhorar muito mais depressa do que parece. O mundo também vai melhorar, e o Brasil é parte do mundo", destacou, citando progresso nos Estados Unidos e estagnação da crise na Europa.
No longo prazo, Delfim avalia que uma expansão do Brasil de 4% a 5% ao ano seja possível.