Real forte e demanda global fraca reduzem fatia exportada da produção

A parcela da produção doméstica destinada à exportação recuou nos últimos anos, um outro reflexo da perda de competitividade da indústria. Além do real forte, o menor crescimento da economia global devido à crise ajuda a explicar o movimento mais recente. Na indústria geral, a parcela da produção voltada ao mercado externo ficou em 11,9% na média de setembro, outubro e novembro de 2010, abaixo dos 13,8% do quarto trimestre de 2005.

Houve uma queda considerável na fatia exportada de setores como máquinas e equipamentos, veículos automotores e de calçados e artigos de couro. O economista Silvio Sales, consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), nota que o câmbio valorizado encarece os produtos manufaturados brasileiros num momento em que a concorrência externa está muito acirrada. A parcela da produção de máquinas e equipamentos destinada ao mercado externo, de 15,1% no fim de 2005, ficou em 9,7% na média dos três meses encerrados em novembro. A de veículos automotores recuou de 15,5% para 8,8% no período.

"As exportações em 2010 bateram recorde e superaram US$ 200 bilhões, mas principalmente devido às commodities, e não aos manufaturados", observa Sales. Em calçados, a fatia exportada na média de setembro a novembro ficou em 18,4%, abaixo dos 22,2% do quarto trimestre de 2005.

O economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, diz que a força da demanda interna também tem peso na redução da parcela exportada da produção. Num ano em que as vendas no varejo crescem a taxas superiores a dois dígitos, muitas empresas destinam uma parte maior do que fabricam ao mercado doméstico, ainda mais num cenário em que a demanda global é fraca e a rentabilidade das exportações é baixa. (SL)

Fonte: Valor Econômico