Dólar segue em alta, e já vale R$ 2,015

Brasil Econômico
Dólar segue em alta, e já vale R$ 2,015Curva de juros futuros da BM&F Bovespa recua após IPCA-15 de março surpreender positivamente, e ficar abaixo dos 6,5% em 12 meses.

O dólar no mercado cambial doméstico opera mais uma vez completamente descolado do movimento que prevalece no exterior nesta sexta-feira (22/3), e sem a intervenção do Banco Central (BC).

Há pouco a moeda americana subia 0,19% ante a brasileira, e era negociada a R$ 2,015 para venda. Já o Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, recuava 0,40%.

O euro, principal divisa da cesta, tinha uma sessão de recuperação, após ter registrado quedas em meio à questão cipriota, e ganhava 0,64%, a US$ 1,2982.

Ou seja, a preocupação que tomou conta do mercado esta semana em função da crise que se abateu sobre o Chipre não pode mais ser apontado como causa para os ganhos do dólar frente ao real, afirma Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO Corretora.

"Esta 'feliz' coincidência de baixa liquidez no nosso mercado de câmbio e a crise em torno da Ilha de Chipre permite a oportunidade de se buscar atribuir ao exterior as causas da pressão sobre o preço da moeda americana, mitigando a percepção de que as causas sejam efetivamente locais", pontua o especialista, em boletim.

"Mas há claras evidências de que a questão é a liquidez", emenda.

Os últimos dados do BC referentes ao fluxo cambial vão de encontro ao cenário apontado pelo diretor - no acumulado de 2013, o saldo está negativo em US$ 3,481 bilhões, sendo que, em igual período de 2012, era positivo em US$ 18,658 bilhões.

Na avaliação de Nehme, a autoridade consentiu que a cotação do dólar ultrapassasse o patamar dos R$ 2,00 no pregão passado, para não ter de reconhecer que as causas são locais para a recente apreciação da divisa, e não externas.

"Não esperamos que o preço, ainda que existam motivos efetivos para tanto, permaneça acima de R$ 2,00, pois isto traria mais confusão e incertezas as já existentes sobre a política cambial, e adicionalmente à monetária".

Juros

O IPCA-15 de março, abaixo da expectativa dos analistas, traz a curva de juros futuros da BM&FBovespa para baixo nesta sexta.

Mais negociado, com giro de R$ 18,359 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuava de 7,82% para 7,77%, enquanto o para janeiro de 2015 descia de 8,58% para 8,53%, com volume de R$ 12,082 bilhões.

A prévia do índice oficial de inflação do país desacelerou para 0,49% em março, ante os 0,68% de fevereiro, e a estimativa de 0,63% do Espírito Santo Investment Bank.

Com o resultado, em 12 meses, o índice ficou abaixo do teto da meta do governo em 6,5%, ainda que esteja bastante próximo, em 6,43%.

Para que o IPCA fechado do mês não rompa o limite estabelecido, ele não pode superar 0,39% - em fevereiro foi 0,60%, desacelerando frente os 0,86% de janeiro.

As estimativas das casas giravam ao redor de 0,50%, mas são anteriores ao anúncio da desoneração da cesta, que certamente contribuirá com o trabalho do governo para conter a alta dos preços.