PR: Paranaguá registra 100 navios na fila de espera

Agência T1 
Maioria não tem contrato e espera fechar negócios para transportar parte da supersafra de soja.

Navio à espera da vez para atracar em Paranaguá: demora levou trading chinesa a cancelar
compra de 2 milhões de toneladas de soja. Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Bastaram três meses em 2013 para o Porto de Paranaguá voltar a registrar fila superior a uma centena de navios ao largo – onde as embarcações esperam para chegar ao cais.

Ontem, segundo o site de controle da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Ap­pa), 16 navios estavam atracados, 100 ao largo e outros 22 eram aguardados para as próximas 48 horas.

A explicação para o cerco de navios está na “fama” do Brasil a nível mundial. Com a quebra da produção dos Estados Unidos e a confirmação da supersafra de soja por aqui, estimada em 80 milhões no Brasil e 15 milhões no Paraná, dezenas de embarcações das mais variadas bandeiras estão se posicionando no horizonte do litoral paranaense, na expectativa de fechar bons contratos.

Ainda segundo a Appa, dos 73 embarcações posicionadas no Corredor de Exportação, apenas quatro têm totalidade de carga à disposição, 18 estão com carga parcial contratada e 51 não têm programação definida. Este último grupo é formado por navios sem carga negociada ou cujo carregamento não chegou aos armazéns.
Outro problema que se reflete no aumento da fila de navios é a paralisação causada pelas chuvas. Como o terminal não tem cobertura que permita a continuidade dos trabalhos mesmo com o mau tempo, a qualquer sinal de umidade as operações são interrompidas.

Nos 77 dias decorridos do início do ano até a segunda-feira passada (dia 18), o porto deixou de operar 26 dias, 10 horas e 19 minutos. Ou seja, a chuva forçou os trabalhadores a cruzarem os braços em um terço do tempo.

Cancelamento

Os problemas na infraestrutura portuária do país estão resultando na perda de negócios. Ontem, o grupo Sunrise, maior trading chinesa de soja, anunciou que vai cancelar a compra de quase 2 milhões de toneladas de soja do Brasil. O motivo alegado é o consecutivo atraso nos embarques provocados pelo congestionamento nos portos do país (a empresa não mencionou em qual porto ocorreu o problema).

“Inicialmente, a China ameaçou cancelar 10 milhões de toneladas. Mas como precisam do produto e a Argentina começa a colher só em maio, são forçados a comprar da gente”, ressalta Aedson Pereira, analista de mercado da Informa EconomicsFNP.

Porém, especula-se no mercado que a medida é uma forma de a empresa tentar renegociar os carregamentos a preços mais baixos. O valor da soja caiu desde que a Sunrise comprou o produto brasileiro, e a companhia estaria em posição de negociar melhores cotações para substituir os volumes comprados anteriormente.

Fonte: Gazeta do Povo, Por Carlos Guimarães Filho, Colaborou Luana Gomes