Questão cipriota leva dólar a 6ª valorização seguida

Brasil Econômico
Questão cipriota leva dólar a 6ª valorização seguidaMovimento de queda verificado pela manhã na curva de juros futuros da BM&F Bovespa perdeu força no decorrer do pregão, e contratos ficaram próximos da estabilidade.

O pessimismo que tomou conta dos investidores nesta segunda-feira (15/3) com a questão do confisco cipriota fez o dólar encerrar o pregão em alta frente ao real pela sexta vez seguida.

A moeda americana encerrou os negócios com valorização de 0,35%, cotada a R$ 1,989 para venda.

O Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, avançava 0,44%.

"Se a Europa pretendia acalmar os mercados com o pacote de resgate ao Chipre, acabou semeando nervosismo e preocupação entre os investidores internacionais. A decisão de confiscar parte do dinheiro dos cipriotas nos bancos gerou uma expectativa perigosa entre os agentes financeiros, que receiam que a medida possa ser um precedente para os próximos pacotes de auxílio, diminuindo a confiança dos investidores no sistema bancário da região", afirma João Paulo de Gracia Corrêa, gerente da mesa de câmbio da Correparti, em relatório.

A Zona do Euro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) aprovaram na madrugada de sábado um plano de resgate de € 10 bilhões para o Chipre, em troca da adoção de uma taxa excepcional sobre os depósitos bancários na ilha, que provoca uma ampla rejeição entre os cipriotas.

As taxas são de 6,75% para os depósitos bancários de menos de € 100 mil euros e de 9,9% para os valores superiores. A medida deve permitir uma arrecadação de € 5,8 bilhões.

"Portugal, Espanha e Grécia, os países mais endividados do bloco, são naturalmente os alvos de maior desconfiança daqui pra frente", fala o especialista da Correparti.

Além do fator externo, a balança comercial da terceira semana de março, negativa em US$ 448 milhões, que acumula déficit de US$ 5,526 bilhões no ano - ante o superávit de US$ 1,127 bilhão um ano atrás - contribuiu para a valorização do dólar, afirma Corrêa.

Juros

O movimento de queda da curva de juros futuros da BM&FBovespa pela manhã amainou durante a tarde, e fez os contratos encerrarem o dia próximos da estabilidade.

Mais negociado, com giro de R$ 24,928 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 permaneceu nos mesmos 7,83% do fechamento passado, enquanto o para janeiro de 2015 caiu de 8,58% para 8,57%, com volume de R$ 17,173 bilhões.

Em resposta à desoneração da cesta básica, no Focus desta semana os economistas consultados pelo Banco Central (BC) reduziram sua projeção para o IPCA ao fim de 2013, de 5,82% para 5,73%.

Os mesmos economistas elevaram a estimativa para a taxa Selic, de 8% para 8,25%.