Greve dos portuários se encerra, por recuo do governo

Brasil Econômico
Greve dos portuários se encerra, por recuo do governoEspecialista considera que avanços na negociação de questões trabalhistas devem ser comemorados, mas aponta melhorias necessárias no setor de portos.
Questionada por especialistas do segmento portuário, a Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos teve um novo desdobramento nesta quinta-feira (21/3).

Os sindicatos que representam trabalhadores do segmento e o governo chegaram acordo que acarretou na suspensão da greve dos portuários, que estava prevista para segunda-feira (25/3).
O acordo foi fechado entre os trabalhadores e o relator da MP, o senador Eduardo Braga.

O acordo inclui a inserção de uma nova lei que proíba os operadores portuários de contratarem trabalhadores temporários. Ademais, será incluída na MP uma medida que regulamentará a atuação da guarda portuária e será criado um grupo, que contará com trabalhadores, governo e empregadores, para estabelecer uma maneira de treinar e qualificar os portuários.

De acordo com José Augusto Valente, ex-secretário de política nacional de transportes do Ministério dos Transportes, e diretor executivo do Portal T1, o comportamento do governo em relação às questões trabalhistas está sinalizando uma trégua no conflito vigente desde dezembro de 2012.

"Estou em constante contato com a federação dos portuários e sei que a negociação está avançando com relação a questões trabalhistas. O governo vai ceder e as emendas vão ser introduzidas no relatório do senador Eduardo Braga, relator da MP", pontua Valente.

Outra alteração que será introduzida na MP é a criação de aposentadoria especial para os portuários. Valente explica que as mudanças já teriam sido consideradas pela base aliada governista, o que diminui as possibilidades de as propostas serem vetadas pelo Executivo.

O especialista acredita que o estabelecimento da MP deve avançar mais em função dos benefícios aos trabalhadores.

O momento mais delicado da reunião ocorreu quando se discutiu sobre a isonomia entre os portos públicos e privados, proposta pela qual o governo não demonstra muita simpatia. Por outro lado, Valente acredita que é inconstitucional a ampliação da participação da iniciativa privada no setor portuário.

Mesmo com as mudanças no texto aprovadas nesta tarde, ele ressalta a falta de transparência do projeto, e critica a possibilidade de que terminais privados possam movimentar cargas de terceiros.

"Pela constituição, é necessário ter licitação, mas essa é uma barreira que está sendo descartada pelo governo. O que pode acontecer é que sejam introduzidas emendas para contrabalancear o desequilíbrio concorrencial que isso acarretaria", diz Valente.
"Os terminais de uso privado passariam a precisar de autorização e não de licitação e isso é inaceitável. Para mim é inconstitucional que as empresas privadas assumam o que deveria ser feito por empresas públicas", emenda.

Melhorias
Satisfeito com os passos dados durante o encontro desta quinta-feira, Valente explica que é preciso resolver a logística de terra. Ele afirma que é necessário investir em infraestrutura para facilitar o escoamento de bens exportados.

Já com relação aos contêineres, o especialista acredita que o governo precisa liberar planos de expansão, que estão aguardando autorização e aumentariam a capacidade.