DIVERSIFICAR MERCADOS E A PAUTA DE PRODUTOS EXPORTADOS PODE SER O CAMINHO PARA AMPLIAR O COMÉRCIO EXTERIOR

As importações e exportações devem fechar o ano no mesmo nível de 2008, período anterior à recente crise econômica, porém, com queda no saldo da balança comercial em decorrência do elevado crescimento das compras externas. Além disso, qualquer que seja o vencedor das eleições a política de comércio exterior continuará similar nos próximos anos.

Tais previsões foram apresentadas pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, durante palestra promovida pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), ontem (27), no auditório da Aduaneiras, em São Paulo.

Segundo o secretário, a análise da composição das importações e exportações permite constatar que não há uma invasão de importados. Ao fazer um balanço do comércio exterior brasileiro, Barral afirmou que não vê problema em exportar commodities e disse que basta comparar com os Estados Unidos que é o maior exportador na categoria. "O problema é só exportar commodities, quando há necessidade de também vender manufaturados", frisou.

O representante do MDIC chamou a atenção para alguns aspectos que podem direcionar os rumos das transações comerciais. O primeiro deles é o fato de a Ásia ter se tornado o grande parceiro comercial do País e que assim deve se manter, pois lá é que estão os maiores índices de crescimento. Para ele, o desafio é conseguir diversificar a pauta de exportações com a China, pois 80% das vendas estão concentradas entre minério de ferro e soja.

Também lembrou que a América Latina é um mercado importante, principalmente em relação ao Mercosul, onde se concentra a maior parte das vendas de máquinas, e alertou que mercados como Estados Unidos e Europa não podem ser deixados de lado.

No radar

Barral falou sobre o aumento das vendas para mercados como a Rússia, que registrou crescimento aproximado de 40% e se tornou o principal comprador de carne bovina, e o Irã, que compra 20% de carnes brasileiras. Ressaltou a importância da Índia - com quem o Brasil fechou acordo comercial e deve aumentar o fluxo de negócios - e do México. "Coloquem o México no radar. A economia lá tem dificuldades, mas é um mercado promissor e com eles estamos negociando um acordo ambicioso nas áreas de comércio e serviços", disse.

No que diz respeito às importações, Barral destacou que os bens de consumo representam 17% das aquisições, enquanto os bens de capital, 22%. Entretanto, o percentual "deve aumentar, pois haverá incentivo para modernizar as indústrias, principalmente em razão dos investimentos que se farão necessários para os próximos anos", avaliou.

Outra dica do secretário é que diante da recuperação da economia mundial, entre 2010 e 2011, as oportunidades estarão no mundo em desenvolvimento, que é liderado pela Ásia. A África também deve apresentar índices de crescimento.

Entre os feitos do governo em prol do comércio exterior, Barral destacou as iniciativas em missões comerciais, a ampliação de acordos, a desoneração de operações, com avanços no drawback, a ampliação da DSE de US$ 20 mil para US$ 50 mil nas exportações via Correios, e a melhor utilização dos instrumentos de defesa comercial.

Entraves

Por outro lado, o secretário lançou crítica ao custo logístico, que considera indecente. "Foram muitos anos sem investimentos em infraestrutura e agora precisamos recuperar."

Também questionou o sistema tributário, que "pune quem trabalha e quer exportar". De acordo com Barral, haverá forte pressão nos primeiros meses do próximo governo para que se tenha a reforma tributária. Outra preocupação do secretário é o nível da burocracia, que faz com que as empresas sejam menos competitivas.

"Cada vez que ocorre uma fraude o governo muda e amplia as formas de controle, mas isso não coíbe fraudes e o excesso de controle só gera atrasos e custos para quem comercializa."

Já o fator que preocupa o economista e presidente da Abracex, Roberto Segatto, é a necessidade de reaparelhamento do parque industrial do País. "A nossa tecnologia está pelo menos 15 anos atrasada em relação ao mundo desenvolvido", afirmou com base em levantamento realizado pela entidade.

Para Segatto, como não se tem a reforma tributária, uma saída seria reduzir custos pela implantação de equipamentos modernos. "Há casos que, pela troca de máquinas, foi possível economia de 40% de energia."

O economista também enfatizou a necessidade de uma política industrial e de ações que possam fortalecer e ampliar a participação das micro e pequenas empresas no comércio exterior. (Redação: Andréa Campos)

(Fonte: Aduaneiras)