PALESTINOS ESPERAM ACORDO COM MERCOSUL


O governo e os empresários da Palestina esperam que um acordo de livre comércio entre seu país e o Mercosul seja assinado em breve. A afirmação é de Ziad Anabtawi, vice-presidente da Associação dos Empresários Palestinos, que está em São Paulo para participar da feira Food Ingredients South America.

"As expectativas são de ter um acordo de livre comércio, por causa do apoio do governo brasileiro e do apoio do presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva). Eu penso que o teremos em breve", disse Anbatawi em entrevista à ANBA, na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O pedido de acordo com a Palestina foi encaminhado pelo Brasil aos demais membros do Mercosul e está em negociação.

Em março deste ano, Lula visitou a Palestina, acompanhado de uma delegação de empresários brasileiros e declarou o interesse do Brasil em importar produtos do país árabe. "Fiquei muito empolgado ao ouvi-lo e ver seu entusiasmo e do governo brasileiro em ajudar o povo palestino, que enfrenta circunstâncias muito difíceis sob a ocupação israelense", destacou Anabtawi.

Segundo o empresário, há diversos produtos que o Brasil já importa de outros países árabes e que podem ser comprados diretamente da Palestina. Como destaque, ele cita azeite, tâmaras, zatar, ervas, temperos, homus e picles. Além de alimentos, ele lembra ainda que o turismo religioso promove a venda de produtos feitos a partir das oliveiras e que a Palestina também exporta rochas e mármores.

"Todo o mármore usado no aeroporto de San Diego [nos Estados Unidos] foi importado da Palestina. Também o de parte do aeroporto de Chicago. Temos uma empresa na Palestina que é considerada a segunda maior do mundo na exportação de rochas e mármore. Tenho certeza de que se fizermos uma pesquisa detalhada, podemos chegar a mais itens que interessem ao mercado brasileiro", afirma.

Para Anabtawi, o acordo de livre comércio tem um significado maior, além da sua importância comercial. "Há uma grande influência na questão política. Primeiro, o reconhecimento da identidade palestina com a assinatura de um tratado de livre comércio separado de Israel e de qualquer outro país vizinho. Depois, isto ajuda os palestinos a superarem os altos custos que afetam nossas operações devido à ocupação israelense, que torna muito alto os custos de logística", explica.

O empresário acredita que o acordo ajudaria a manter os palestinos em seu território. "Eu chamo o presidente Lula e o governo brasileiro a apoiarem o povo palestino, facilitando as importações de nossos produtos, o que definitivamente irá ajudar o povo e os fazendeiros palestinos a ficarem em suas terras".
Muhsen Sinokrot, membro da Associação das Indústrias Palestinas de Alimentos, que também esteve visitando a Câmara Árabe, lembra ainda que o país tem diversas cidades turísticas. "Há muito para se ver em Jerusalém, em Belém e também em Jericó. Jericó estará celebrando seu aniversário de 10 mil anos em 2011, é a cidade mais antiga do mundo e há um grande potencial de turismo lá. Queremos chamar os brasileiros a virem à Palestina e vê-la do ponto de vista dos palestinos e não do ponto de vista israelense, porque nós temos muitas coisas para oferecer e mostrar aos brasileiros".