China amplia oscilação do yuan e provoca queda global do dólar

O yuan teve ontem sua maior alta em um único dia desde o fim da âncora cambial com o dólar em 2005, aumentando as esperanças de que o governo chinês se prepara para deixar sua moeda se valorizar num ritmo mais acelerado.

O yuan subiu 0,5% para 6,6424 yuan por dólar, depois que o Banco Popular da China, o banco central chinês, anunciou o maior aumento de sua taxa diária de referência, pela qual a moeda pode flutuar, em três semanas. Isso aumentou as especulações de que a China permitirá uma valorização maior de sua moeda para reduzir as tensões antes da reunião do G-20 na quinta e sexta-feiras.

A decisão coincidiu com um comunicado da Administração Estatal do Câmbio da China, em que ela diz que vai forçar os bancos a reter mais moedas estrangeiras e fortalecer o processo de auditoria das captações de recursos internacionais, numa tentativa de limitar a entrada de dinheiro especulativo no país.

Hans Redeker, do BNP Paribas disse que a iniciativa poderá ser interpretada como uma medida da China para preparar o terreno para um maior reforço cambial, sem ter que lidar com o efeito colateral negativo do dinheiro especulativo aumentando o crescimento não desejado de suas reservas internacionais.

Analistas disseram ontem que a decisão, que fez o dólar cair em relação ao yuan, também derrubou a moeda americana em outras partes do mundo. "Os investidores parecem estar vendo os ganhos do yuan como algo negativo para o dólar e positivo para o risco", disse Steve Englander do Citigroup. Ele afirmou que alguns investidores viram a movimentação do yuan como o estabelecimento efetivo do limite pelo qual muitas outras moedas poderão se valorizar em comparação ao dólar. "Está menos claro por que o risco global deverá ser conduzido pelos movimentos do yuan", disse Englander.

Por volta do meio-dia de ontem em Nova York, o dólar caía 0,5% para 80,79 ienes, 0,5% em relação ao franco suíço, para 0,9616 franco, 0,2% em relação ao dólar australiano, para US$ 1,0142 por dólar australiano, e 0,1% para US$ 1,6140 em relação à libra. No entanto, o dólar subiu 0,1% para US$ 1,3895 contra o euro, uma vez que a moeda única europeia ainda sobe por causa dos temores em relação às finanças dos países da zona periférica do euro.

O euro sofreu depois que o custo da proteção contra um calote pelo governo da Irlanda com o uso de swaps de defaults de crédito, atingiu um nível recorde ontem, em meio à possibilidade da Irlanda precisar ser socorrida pelos parceiros da zona do euro. Bert Siegenthaler, do UBS, disse: "A crise da dívida da zona do euro está voltando, embora os indicadores da crise ainda não tenham igualado os níveis de quando a Grécia quase entrou em default, no começo deste ano. Mesmo assim, a velocidade e extensão da deterioração são preocupantes". Ontem, o euro caiu 0,6%, para 112,29 ienes, e 0,6%, para 1,3365 franco suíço diante da moeda suíça.

Fonte: Valor Econômico