Reunião termina com críticas aos americanos

"Nós não vamos nos esquecer dessas críticas", reagiu em tom imperial o secretário do Tesouro americano Timothy Geithner, após ouvir uma avalanche de acusações contra a política de Washington em relação ao dólar.

Foi num jantar de ministros de Finanças do grupo das 20 maiores economias que ocorreu a cena constrangedora, depois que o brasileiro Guido Mantega, o colega da África do Sul e outros começaram a atacar a enorme liquidez lançada pelos EUA no mercado, que derruba o dólar e joga o custo do ajuste americano sobre os parceiros.

O ministro da Coreia do Sul, que organizava o jantar, pediu então a Geithner para responder. E este pareceu perder os nervos por um momento, lançando o que pareceu uma ameaça pela "afronta" de ter visto os EUA serem criticado.

Já seu chefe, o presidente Barack Obama, tentou ser conciliador para desmontar o isolamento americano. Não arredou o pé de decisão unilateral tomada por Washington, mas não atiçou o incômodo entre os parceiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentava a presidente eleita Dilma Rousseff a outros dirigentes quando viu Obama se aproximar. "Finalmente", disse o presidente americano, ao que Lula perguntou "finalmente por quê?". Obama retrucou: "Finalmente alguém da delegação brasileira não tem barba". E todo mundo riu.

No almoço de trabalho sobre comércio, ele foi o primeiro a falar, ao contrário da atitude reservada sobre o tema na cúpula anterior. Disse que os EUA estão prontos a barganhar na Rodada Doha para concluir a negociação. Mas cobrou uma fatura maior. Antes, o foco era em mais acesso em setores industriais sensíveis no Brasil, na Índia e na China. Agora quer mais concessões no setor de serviços também. Lula disse que Doha não terminou porque "os EUA e a Índia melaram a negociação" há dois anos. (AM)

Fonte: Valor Econômico