Mercado cambial muda de mão e fluxo financeiro volta ao negativo

O fluxo de moeda estrangeira para o país pelo segmento financeiro voltou a ficar negativo pela segunda semana consecutiva. Entre os dias 8 e 12 de novembro, a saída de divisas oriundas de aplicações em bolsa, em renda fixa e em investimentos diretos em empresas totalizou US$ 5,653 bilhões, superando as entradas, que foram de US$ 5,540 bilhões. Como resultado, o saldo líquido ficou negativo em US$ 113 milhões.

Na semana anterior, a primeira do mês, o fluxo do segmento financeiro também havia sido negativo, em US$ 449 milhões. No acumulado do mês, as saídas superam as entradas em US$ 562 milhões na primeira quinzena de novembro.

O movimento aponta para uma inversão em relação aos últimos quatro meses, quando foram registradas fortes entradas de recursos. Somente em setembro, a conta financeira marcou recorde histórico com saldo positivo de US$ 16,716 bilhões, decorrente da oferta de ações da Petrobras além de uma série de captações de recursos de empresas e bancos no exterior.

O fluxo, no entanto, não deve se manter negativo nas próximas semanas, com a retomada dos investimentos estrangeiros no Brasil, segundo a avaliação do economista sênior do banco Santander, Maurício Molan.

"A tendência é de o fluxo seguir positivo, com entrada líquida para bolsas e aplicações em renda fixa até o fim do ano que vem", diz Molan.

O analista do Santander enfatiza que, mesmo com a perspectiva de forte entrada líquida de recursos, a moeda brasileira deve se depreciar frente ao dólar. "O comportamento do câmbio depende de outros fatores, como o preço das commodities e também do valor do dólar em relação a outras moedas, como o euro", afirma. O banco acredita que o dólar feche o ano cotado a R$ 1,80 e vá a R$ 1,85 no fim do próximo ano.

Já o segmento comercial, que registra a movimentação cambial decorrente do comércio exterior, marcou saldo positivo na segunda semana de novembro. Entre os dias 8 e 12, as entradas de dólares superaram as saídas em US$ 1,505 bilhão. As exportações trouxeram ao país US$ 5,353 bilhões na semana, contra saídas de US$ 3,848 bilhões devido às importações.

Novembro, até agora, marca o segundo mês seguido de fluxo positivo decorrente das operações de importação e exportação. Parte importante desse movimento decorre do aumento das concessões de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) por parte dos bancos.

No acumulado do mês, o saldo da conta comercial está positiva em US$ 548 milhões. Somado ao resultado negativo da conta financeira, o fluxo total de câmbio no país está negativo em US$ 14 milhões até o dia 12 de novembro. No ano, o saldo é positivo em US$ 24,025 bilhões.

As intervenções da autoridade monetária no mercado de câmbio à vista se reduziram na última semana, como reflexo da saída líquida de capital do país, mas se mantêm superior ao fluxo. As compras somaram US$ 358 milhões, queda em relação aos US$ 1,106 bilhão adquiridos na primeira semana de novembro. As reservas internacionais atingiram US$ 285,901 bilhões, no conceito de liquidez internacional.

No acumulado do mês, o Banco Central já retirou do mercado US$ 1,464 bilhão, mesmo com a saída líquida de US$ 14 milhões no período. Como consequência, os bancos devem ter aumentado sua exposição em moeda estrangeira. No fim do mês de outubro, os bancos estavam vendidos em US$ 12,845 bilhões no mercado à vista.

Fonte: Valor Econômico