Setores eletroeletrônico e químico ampliam compras

De forma semelhante ao setor metalúrgico, segmentos como o de eletroeletrônicos e o de produtos químicos estão entre os que mais têm contribuído para o déficit da balança comercial da indústria. Os dois segmentos ampliaram este ano o saldo negativo já apresentado em 2009.

Com um déficit ampliado dos US$ 7,2 bilhões de janeiro a setembro do ano passado para US$ 12,9 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, o setor elétrico, eletrônico e de comunicações tem desembarcado predominantes insumos e bens intermediários. Segundo levantamento da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os principais produtos importados são circuitos impressos, partes para aparelhos receptores de radiodifusão e televisão, microprocessadores montados e partes para aparelhos de telefonia. A importação de partes para aparelhos de televisão mais do que triplicaram, com aumento de US$ 592,3 milhões de janeiro a setembro de 2009 para US$ 2 bilhões nos primeiros três trimestres deste ano. No mesmo período os desembarques de circuitos impressos aumentaram 35,7% e a de microprocessadores montados, 43,3%.

Além do crescimento das importações, a estagnação das exportações do setor ajuda a elevar o déficit da balança comercial. As vendas ao exterior do segmento chegaram a cair 1,5% de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Uma das maiores quedas nas exportações fica por conta dos aparelhos de celular. Com a concorrência dos asiáticos, fabricantes brasileiros chegam a perder a disputa em mercados da América Latina. A redução nos embarques de celular foi de 26,6%.

O setor químico foi outro que ampliou seu saldo negativo comercial, com déficit de US$ 8,04 bilhões de janeiro a setembro deste ano. No mesmo período do ano passado foram US$ 7,2 bilhões.

Em parte do setor, porém, as possibilidades abertas de expansão do mercado fizeram algumas empresas investir em aumento de capacidade, o que melhorou a competitividade com os importados. Anibal do Vale, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), conta que em 2008 e 2009 a indústria de soda cáustica teve ampliação de capacidade equivalente a 150 mil toneladas ao ano, o que significa aumento de 14%. Hoje, diz ele, o setor está com 89% de nível de utilização da capacidade, a mesma taxa de 2008. Naquele ano, porém, o setor ainda não contava com a ampliação recente.

A ampliação de capacidade, diz Vale, tem dado competitividade ao setor. Segundo a Abiclor, as importações de soda cáustica aumentaram 14,6% de janeiro a setembro de 2010, na comparação com os primeiros nove meses do ano passado. No mesmo período, o crescimento da produção nacional foi de 3,4%. O nível de importações, porém, não preocupa o setor, diz Vale. (MW)

Fonte: Valor Econômico