BRASIL RETALIA ARGENTINA E IMPÕE BARREIRA À IMPORTAÇÃO DE CARROS

BRASIL IMPÕE BARREIRA A CARRO IMPORTADO
Autor(es): Raquel Landim
O Estado de S. Paulo - 13/05/2011

Medida dificulta entrada de veículos fabricados na Argentina e defende montadoras instaladas no País do avanço de automóveis asiáticos

O governo brasileiro decidiu impor barreiras à importação de carros. O objetivo principal é forçar a Argentina a rever as ações protecionistas contra o Brasil, mas a medida também procura defender as montadoras instaladas no País do avanço dos automóveis asiáticos.

Desde terça-feira, os importadores devem solicitar licenças de importação não automáticas, que só são expedidas após análise dos técnicos do governo e podem demorar 60 dias. Não estão incluídos pneus e autopeças, para não prejudicar o funcionamento das fábricas no Brasil.

Já estão parados na fronteira com a Argentina 67 caminhões - boa parte pertence à Toyota. Na prática, trata-se de uma retaliação às medidas protecionistas do país contra o Brasil. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse que não é uma retaliação. Segundo ele, as licenças foram adotadas em razão do "fortíssimo" déficit comercial no setor. Porém, segundo uma fonte do governo, as licenças de importação de terceiros países tendem a ser liberadas mais rápido que as da Argentina.

Exportadores brasileiros de vários setores reclamam que as mercadorias estão acumulando em depósitos na Argentina. O país incluiu 600 produtos no licenciamento não automático e costuma demorar mais de dois meses para liberar o documento.

Os argentinos temem o crescimento do superávit brasileiro. De janeiro a abril, o saldo da balança bilateral foi favorável para o Brasil em US$ 1,33 bilhão. De janeiro a março, estava em US$ 588,6 milhões. A medida do governo brasileiro, no entanto, vale para todos os países, como prevê a Organização Mundial de Comércio (OMC). O Ministério do Desenvolvimento aproveitou os desentendimentos com a Argentina para monitorar as importações de carros, que cresceram 80% em abril em relação ao mesmo mês de 2010.

Dessa maneira, também estão sob vigilância as compras de carros da Coreia do Sul, que crescem com vigor, e da China, que começam a entrar no mercado brasileiro. No primeiro trimestre, foram importados US$ 399 milhões em carros coreanos. Da China, vieram US$ 26,3 milhões, mas o aumento foi de 161%.

"Essa medida tem de ser aplaudida. O comércio internacional é uma guerra e não podemos ser bonzinhos", disse Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "O Brasil tomou uma medida que já é adotada pela Argentina há anos", disse Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Carta. Na quarta-feira, o Ministério do Desenvolvimento reenviou por fax uma carta à ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, cobrando uma solução para as dificuldades dos exportadores. O documento já havia sido despachado por correio, mas, segundo a ministra argentina, não havia chegado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!