Fiesp e centrais preparam proposta

Autor(es): agência o globo: Ronaldo D"Ercole e Paulo Justus
O Globo - 24/05/2011

SÃO PAULO. Empresários e sindicalistas se uniram em defesa da competitividade da indústria nacional e devem encaminhar ao governo proposta com um conjunto de medidas para frear o processo de desindustrialização provocado pela valorização do dólar ante o real. No topo da agenda que está sendo elaborada em conjunto pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, devem constar medidas consideradas "emergenciais" como a desoneração da folha de pagamento das empresas e o fim da guerra fiscal entre os estados que concedem incentivos às importações. O governo, por sua vez, já prepara um conjunto de medidas para promover a competitividade da indústria e amenizar o efeito cambial. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem que as propostas estão sendo estudadas pelos ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda e de Ciência e Tecnologia.

- As medidas vão renovar a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Já fizemos em março a prorrogação do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), também foi assegurado recurso ao BNDES para prover crédito para a indústria de serviços e infraestrutura. Agora, são necessárias medidas adicionais para melhorar a competitividade - disse ele, após participar de seminário em São Paulo.

Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, o dólar barato está roubando a competitividade da indústria, especificamente do setor de manufaturados, cujo déficit da balança comercial deve chegar a US$100 bilhões, contra US$70 bilhões em 2010.

- Também defendemos controles sobre a entrada de capitais, como a exigência de um tempo maior de permanência para os capitais especulativos - disse.

Coutinho disse que o momento de valorização do real não deve ser tomado como algo irreversível pelo mercado. Segundo ele, a cotação da moeda está sujeita à conjuntura internacional. Uma melhora no desempenho das economias desenvolvidas ou a percepção do mercado de que o ingresso de capital estrangeiro no país não está sendo direcionado para investimentos podem mudar a tendência de apreciação da moeda, afirmou.

Para Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e representante da CUT, o país precisa passar a produzir itens com "mais conteúdo" e investir mais na qualificação de mão de obra.

Lembrando que as discussões entre as centrais e a indústria vêm ocorrendo desde janeiro, Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, classificou a situação de "muito grave":

- Se você olha o país de cima, está tudo muito bem, a economia cresce, empregos são gerados. Mas, quando se olha para a indústria, a situação é grave: estamos virando um país de apertadores de parafuso.

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