Transbordo é a estratégia de Santa Catarina

Autor(es): Guilherme Arruda | Para o Valor, de Porto Alegre
Valor Econômico - 30/05/2011

Os portos de Santa Catarina, formados pelo complexo de Itajaí e seus terminais de uso privativo, Imbituba, Itapoá e São Francisco do Sul, apostam na estratégia de funcionar como pontos de transbordo e têm planos de expansão - embora em alguns casos, como o de Itajaí, haja restrições pela escassez de área para acomodar operadores logísticos e indústrias.

Os acessos rodoviários precários são o ponto negativo comum dos portos catarinenses, cuja solução escapa da Secretaria Especial de Portos (SEP). Sobre a capacidade de movimentação de cargas, Robert Grantham, diretor comercial do Porto de Itajaí, faz uma comparação: o porto de Xangai (China) movimentou no ano passado 29 milhões de contêineres e o Brasil, pouco mais de 7 milhões - 3 milhões em Santos e 1 milhão em Itajaí. "Santa Catarina acertou ao antecipar a demanda. Liderado por Itajaí, o Estado está se transformando em um dos grandes polos logísticos portuários do país. A nossa localização geográfica é muito favorável", enfatiza.

Para o diretor de Itajaí, a situação do Estado é confortável quando o assunto é movimentação de container. "O porto de Rio Grande atraca três navios de contêineres simultaneamente. Aqui, de um lado atracam três e do outro, o de Navegantes, outros três. Então, é o único terminal no Sul do país com essa capacidade. Não há espera de navio. É uma situação nova", explica.

O Complexo Portuário de Itajaí fechou o primeiro quadrimestre deste ano com 422 escalas operadas e 303.852 TEU"s (a unidade padrão de um container de 20 pés, na sigla em inglês) movimentados. Esse resultado significa um avanço de 10% no número de atracações e 15% no volume de contêineres em relação ao mesmo período de 2010.

Com planos para começar a funcionar entre setembro e outubro desse ano, o Porto de Imbituba, em Santa Catarina, faz investimentos pensando em 2033. Desde que obteve a concessão pelos próximos 25 anos, a Santos Brasil investiu cerca de R$ 400 milhões em obras de infraestrutura para aumentar a capacidade de movimentação para 950 mil TEUs. Hoje, é de 150 mil TEUs. Também foram comprados equipamentos e uma área externa de aproximadamente 2 milhões de metros quadrados para o retroporto industrial. "Ele apoia e potencializa as atividades do porto", diz Mauro Salgado, diretor comercial da Santos Brasil.

Principal porto graneleiro catarinense e essencialmente exportador, São Francisco do Sul prevê movimentar este ano 11 milhões de toneladas, volume levemente acima do registrado no ano passado. Segundo o diretor de logística Arnaldo Santiago, o porto recebe embarcações com até 12 m de calado. O canal de acesso tem 9,3 km de extensão e 150 m de largura. Possui cinco berços de atracação, 975 metros de cais e três armazéns internos, com capacidade de 78 mil metros cúbicos.

O governo estadual oferece incentivo fiscal - que está sendo questionado - para as importações, com redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de 17% ou 18%, para 3,4%. Entre 2007 e 2011, o programa recebeu adesão de 721 empresas, entre as quais seis terminais portuários.

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