Balança comercial faz dólar subir descolado do exterior


Balança comercial faz dólar subir descolado do exteriorPercepção quanto a um ciclo de aperto total mais curto, que ganhou força após a decisão do Copom, voltou a derrubar a curva de juros futuros da BM&F Bovespa.
O dólar encerrou em alta de 0,34% frente ao real no pregão desta segunda-feira (22/4), cotado a R$ 2,020 para venda.
A moeda americana operou com ganhos ante a maior parte das divisas até o meio do dia, em movimento sustentado por números abaixo das expectativas sobre a economia americana.

No entanto, os números não foram suficientes para causar uma queda dos índices acionários - o Dow Jones subia 0,14%, e o Ibovespa avançava 0,50% - e com isso, as perdas frente ao dólar foram zeradas - o Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, seguia perto da estabilidade, com leve baixa de 0,08%.
Aqui, entretanto, fatores domésticos impediram que seguíssemos a tendência internacional.
"O mercado refletiu a divulgação da balança comercial", diz João Paulo de Gracia Corrêa, gerente da mesa de câmbio da Correparti.
Apenas na terceira semana de abril, a balança teve déficit de US$ 2,271 bilhões. Em 2013, a balança tem déficit de US$ 6,489 bilhões, contra o superávit de US$ 2,243 bilhões em igual período do ano passado.
Apesar da resposta repentina dos agentes em relação ao fluxo do país, o especialista ressalta que podemos ter uma segunda leitura da balança na sessão seguinte, até por conta do mercado cambial futuro, no qual a alta do dólar já perdeu força.
Isso porque o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável pela divulgação, explicou que as importações divulgadas nesta segunda incluem as compras da Petrobras desde o final de 2012 até agora, que ainda não haviam sido registradas por problemas técnicos.
Para o curto prazo, a expectativa que predomina entre os investidores, diz Corrêa, é de que o dólar vai ceder frente ao real, com a entrada de divisas como reflexo dos IPOs esperados, como da BB Seguridade e da Votorantim Cimentos.
Juros
No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, a trajetória de queda da curva, iniciada após a decisão do Copom na quarta passada (17/4), prosseguiu nesta segunda-feira.
Mais negociado, com giro de R$ 34,864 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 caiu de 7,86% para 7,81%, enquanto o para janeiro de 2015 cedeu de 8,34% para 8,28%, com volume de R$ 32,040 bilhões.
A alta da Selic de 0,25 ponto anunciada pelo colegiado contrariou as apostas dos agentes, majoritárias em 0,50 ponto.
Com isso, os investidores passaram a precificar altas seguidas de 0,25 ponto, ante as elevações consecutivas de 0,50 esperadas antes, e um ciclo total menor, ao redor de 1 ponto percentual, ante 1,5 ponto aguardado antes.
Tal mudança foi evidenciada no boletim Focus desta semana, onde os economistas consultados pela autoridade monetária reduziram de 8,50% para 8,25% sua projeção para a taxa Selic ao final do ano.