Dólar fecha em alta, a R$ 2,00, descolado do exterior

Dólar fecha em alta, a R$ 2,00, descolado do exteriorIPOs com menor participação de estrangeiros do que o esperado, e briga pela Ptax de abril foram apontados por especialista para justificar o movimento.


Em desalinho ao movimento que prevaleceu no exterior nesta segunda-feira (29/4), o dólar terminou o pregão frente ao real em alta de 0,30%, cotado a R$ 2,005 para venda, após a queda de 0,70% acumulada semana passada.
Já o Dollar Index, índice que mede a variação do dólar contra uma cesta de divisas, recuava 0,46%, conforme os índices acionários das principais bolsas apresentaram expressivos ganhos.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginald Galhardo, explica que o movimento pode ter relação com os resultados dos IPOs anunciados na última sexta-feira (26/4), da BB Seguridade e da Smiles.

"Talvez o mercado tenha sentido que o fluxo grande que era esperado não correspondeu. Houve entrada, mas aquém do esperado, com a participação dos estrangeiros menor do que o previsto", diz o especialista.
Além disso, o gerente da Treviso lembra também que na sessão seguinte teremos a tradicional briga pela Ptax entre comprados e vendidos.
Embora os vendidos ainda prevaleçam, em cerca de US$ 8 bilhões, os comprados podem ter aproveitado a véspera para tentar adiantar-se ao mercado como um todo para reduzir suas perdas, avalia Galhardo.
Na manhã desta terça (30/4), a tendência é que o mercado cambial doméstico siga pressionado em função da briga dos agentes, prevê o especialista, que não descarta uma retomada da trajetória descendente do dólar passada a disputa.
No boletim Focus desta semana, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) mantiveram inalterada, pela nona semana seguida, a projeção para a taxa do dólar ao final de 2013 em R$ 2,00, o que evidencia o pouco espaço para maiores variações do câmbio no curto prazo.
Juros
No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, a curva ficou perto da estabilidade, com leve viés de queda, após os economistas ouvidos para o Focus reduzirem de 8,50% para 8,25% sua estimativa para a taxa Selic ao fim de 2014.
Mais negociado, com giro de R$ 19,372 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 caiu de 7,91% para 7,90%, enquanto o para janeiro de 2015 passou de 8,27% para 8,24%, com volume de R$ 19,224 bilhões.
"A abertura mensal das estimativas [do Focus] revela que o ciclo de ajuste prosseguirá, mas de maneira comedida. São esperados aumentos de 25 bps em maio, julho e agosto, quando a taxa atingiria o patamar de 8,25% e assim fecharia o ano de 2013", nota a LCA, em relatório.
"Para 2014, entretanto, não há mais a expectativa de novos apertos e a taxa deve se manter inalterada ao longo de todo o ano, ou seja, no patamar de 8,25%, como deve fechar 2013. Até a última leitura, era esperado novo aperto de 25 bps em janeiro de 2014", emenda a consultoria.
A ata do Copom divulgada semana passada, lembra a LCA, mostrou a autoridade mais confiante no crescimento econômico doméstico, e, consequentemente, com uma retomada da oferta, a maior causa da pressão inflacionária.
A interpretação dos agentes financeiros de que o Copom conduzirá a política monetária de maneira comedida, segundo a consultoria, contribuiu para a elevação no Focus da projeção para o IPCA ao final do ano, ainda que apenas de 5,70% para 5,71%.
O IGP-M divulgado hoje pela FGV, que desacelerou de 0,21% em março para 0,15% abril, também favoreceu a diluição dos prêmios.

Fonte: Brasil Econômico