Os líderes do G-20 vão se autocongratular por terem adotado ações que "evitaram o colapso" da economia mundial. Ao mesmo tempo, alertarão que preocupações no mercado sobre a sustentabilidade fiscal em vários países, aliada à vulnerabilidade do setor financeiro, "traz o risco de desestabilizar a economia mundial".
O grupo que é hoje uma espécie de diretório econômico do planeta vai reconhecer que muita coisa precisa ainda ser feita para garantir a recuperação global. Constatará que o ritmo da retomada continua desigual entre as nações. Algumas conseguiram recuperar produção e emprego, enquanto em outras a atividade se mantém abaixo do nível pré-crise.
Enquanto os emergentes mais dinâmicos têm riscos de pressões inflacionárias, em alguns desenvolvidos o risco é de deflação, admitirão os chefes de Estado e de governo, sem citar nomes.
Nesse cenário, os líderes vão lançar o "Plano de Ação de Seul" com quatro pilares até agora: políticas cambial, monetária e comercial; consolidação fiscal; reformas financeiras; e reformas estruturais.
As economias desenvolvidas deverão reiterar o compromisso de cortar pela metade até 2013 seus déficits públicos e estabilizar ou reduzir a relação de dívida pública e PIB até 2016.
Sobre as reformas financeiras, o G-20 se comprometerá na "plena implementação" no prazo de novas exigências de liquidez e de capital próprio dos bancos, para dar mais segurança ao sistema e evitar a repetição de crises que levam o contribuinte a pagar a fatura.
No capítulo de reformas estruturais, os 20 membros do grupo se comprometem em simplificar leis e reduzir barreiras regulatórias, "examinar" a reestruturação dos sistemas de aposentadoria e também tornar seus sistemas tributários mais eficientes.
As promessas continuam nos campos financeiro, de educação, infraestrutura e de reforço dos sistemas legais.
As maiores economias do mundo devem anunciar também uma mudança de enfoque nos programas de ajuda ao desenvolvimento. Em vez de só darem ajuda financeira, que vêm reduzindo cada vez mais, sugerem agora estímulos para investimentos, comércio e infraestrutura.
A China aparentemente apoia o novo enfoque, já que considera que o G-20 dá peso demais a desequilíbrios comerciais e pouco para "desequilíbrios no desenvolvimento" entre pobres e ricos.
Na prática, as promessas dos países ricos não se concretizaram. O G-8, que era o grupo dos desenvolvidos, combalido pela mudança de poder na economia mundial, tinha prometido em 2005 dobrar a ajuda ao desenvolvimento da África até 2010, passando para US$ 50 bilhões. O resultado ficou US$ 14 bilhões abaixo da meta. (AM).
Fonte: Valor Econômico