Dólar sente medidas

Correio Braziliense - 05/05/2011

Comparado aos fluxos expressivos registrados em março, o ingresso de dólares no Brasil despencou 88% em abril. A despeito da queda, a diferença entre todo o capital que entrou e saiu do país deixou um foi de US$ 1,5 bilhão. Em março, o volume ficou em US$ 12,6 bilhões. Na visão de especialistas, as medidas adotadas pelo governo com o objetivo de conter esse excesso de moeda americana finalmente surtiram efeito. A cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em financiamentos no exterior inibiram operações de bancos nacionais e reduziram esse movimento.

Com o resultado positivo de abril, os primeiros quatro meses do ano acumulam um saldo de US$ 37,1 bilhões — volume recorde para o ingresso de dólares no Brasil e 52,6% maior que o registrado em 2010. Ainda no mês passado, entraram no país, em busca do mercado financeiro, US$ 34,9 bilhões. Contudo, US$ 36,6 bilhões foram embora e o segmento amargou um saldo negativo de US$ 1,7 bilhão.

Exportações
Ricardo Lorenzetti, especialista em câmbio da corretora XP Investimento, explicou que os dólares destinados ao investimento estrangeiro direto, com foco no setor produtivo, continuam a chegar. Porém, o dinheiro que buscava especulação, principalmente o que ingressa para tentar obter a correção da taxa básica de juros (Selic) como lucro, está deixando o Brasil. “O foco desse capital não é mais o mercado acionário. É um fluxo externo ligado a investimentos para o setor produtivo”, disse.

Não fosse a forte balança comercial brasileira deste ano, que elevou expressivamente o volume de contratos de exportação, o fluxo cambial teria ficado negativo. Em abril, ingressaram US$ 18,8 bilhões oriundos de vendas para o exterior, contra US$ 15,5 bilhões que deixaram o país devido contratos de importação. “Nessa época do ano, há também uma forte influência do bom momento para países produtores de commodities, como o Brasil, que têm vendido bastante ao exterior”, justificou Lorenzetti.

O menor volume de dólares em circulação colabora também, como deseja o governo, para que a divisa americana não derreta tanto frente o real. Ontem, depois de algumas semanas abaixo de R$ 1,60, a moeda conseguiu se valorizar acima patamar. Subiu 1,01%, comparada ao pregão de terça-feira e fechou o dia cotada a R$ 1,605. Parte dessa recuperação, segundo analistas, ocorreu em função da piora na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) — que caiu 1,09% ontem, atingindo 63.616 pontos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!