Autor(es): Luciana Otoni e Azelma Rodrigues | De Brasília
Valor Econômico - 05/05/2011
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante reunião ontem, em Brasília, com representantes da iniciativa privada, pediu que os empresários colaborem com o governo no esforço de conter a inflação e evitem a precificação. Em resposta, Mantega ouviu de alguns dos dirigentes das entidades empresariais que a área econômica precisa acelerar o anúncio das medidas de desoneração tributária.
O pedido de Mantega para que as empresas não façam remarcação de preços foi feito durante o encontro do Grupo de Avanço da Competitividade. O fórum reúne representantes do governo e do setor privado para negociar medidas para a segunda versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP2), a ser anunciada em breve.
Ao deixar o encontro e fazer referência ao pedido de Mantega, o dirigente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, salientou que o governo precisa apresentar contrapartidas. "É difícil aceitar esse apelo. O governo tem que ser mais rápido na elaboração das medidas de desoneração da folha e da redução de impostos para a exportação e para os investimentos", comentou.
No encontro, o governo sinalizou que vai apressar a devolução dos créditos do PIS, da Cofins e do IPI. O anúncio depende da decisão do Ministério da Fazenda sobre se a devolução mais rápida abrangerá o estoque integral dos créditos ou apenas aqueles que forem acumulados a partir da apresentação da medida. O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, expôs aos empresários que em fevereiro o Fisco repassou R$ 100 milhões, que um segundo lote de ressarcimento ocorreu em abril e que uma grande parte dessa devolução ocorrerá em maio.
Por outro lado, a área econômica não foi objetiva em delinear um prazo para o anúncio da desoneração da folha de pagamento. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, também presente ao encontro, informou que os dirigentes apresentaram ao governo uma proposta de desonerar a folha de pessoal e de fazer uma compensação da renúncia tributária por meio de um aumento nas alíquotas do PIS e da Cofins. Foi, de acordo com ele, uma proposta teórica sem detalhamento das as condições em que essa compensação poderia ser feita.
A qualificação da mão de obra também esteve na pauta. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, lembrou que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) dispõe de R$ 3,5 bilhões para empréstimos. Coutinho comentou que parte desses recursos começou a ser negociada com as algumas entidades do Sistema S (Sesi, Senai, Senat, Sebrae) e que as linhas de crédito estão acessíveis às empresas que queiram investir em qualificação e ensinos técnico e profissionalizante.
A presidente-executiva do Sindicato da Indústria do Papel, Celulose e Pasta de Madeira (SIP), Elizabeth de Carvalhaes, classificou a falta de mão de obra e de trabalhadores qualificados como um dos entraves aos negócios. Ela comentou que o setor de celulose possui uma carteira de investimento de US$ 20,2 bilhões para o período entre 2011 e 2017 e que as fábricas gostariam de acelerar os planos de expansão, mas enfrentam o problema da falta de pessoal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!