A era da incerteza

Informativo Sem Fronteiras
Autor: Paulo Werneck

Tomo de empréstimo o título de importante livro de Galbraith, muito apropriado para o momento histórico que vivemos.

Finalmente, uma agência de classificação teve a coragem de reduzir a nota da dívida dos Estados Unidos, a Europa está afundando em problemas, a crise bate em muitas portas, os seus causadores, notáveis economistas que desenvolveram miraculosos e fraudulentos esquemas financeiros, continuam impunes.

O Brasil apresenta um cenário relativamente tranquilo, com a economia mostrando solidez, a redução da pobreza ampliando o mercado interno, mantendo as dificuldades de sempre, notadamente a complexidade da legislação e onerosidade da tributação.

Operar no comércio exterior nessas condições, com retração no consumo externo e instabilidade das moedas, não é fácil, embora possível.

Uma das grandes dificuldades do comércio internacional é o encontro da oferta com a demanda, pois vendedor e comprador, estabelecidos em países diferentes, estão em ambientes legais e culturais distintos, o que dificulta o estabelecimento de parcerias.

Entretanto, uma vez construída a relação, se ambas as partes investirem nela, uns enviando as mercadorias com a qualidade, quantidade, preço e prazo solicitados, outros garantindo o pagamento nos valores e prazos estipulados, essa relação tende a ser mantida mesmo sob os sobressaltos da economia mundial, pela inconveniência de se substituir um fornecedor ou cliente certo por um duvidoso.

Parece ser muito sensato investir ao máximo para atender na perfeição a tudo o que foi combinado com o cliente do exterior, melhor dizendo, parceiro, para garantir um relacionamento a longo prazo, mesmo que em certos períodos o volume negociado tenha de ser reduzido, em face das vicissitudes da economia.

Outrossim, deve-se ter em conta as mudanças já anunciadas no consumo global: um crescente interesse por critérios outros que a mercadoria em si, como o respeito ao meio ambiente e aos direitos sociais na cadeia produtiva da mercadoria.

Produtos orgânicos e insumos renováveis são pouco exigidos e oneram o preço, mas as empresas que investem nessa direção conseguirão produzir com mais eficiência atendendo a essas demandas. Quem mais cedo aderir à “onda”, em breve estará em melhor posição. Há empresas que descobriram que reaproveitar os resíduos surpreendentemente resultava em economia.

Resumindo, há que seguir em frente, negociando com cuidado para garantir a operação, privilegiando parceiros antigos e buscando incorporar as novas demandas da sociedade.

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