Brasil busca resolver impasse com vizinhos

Autor(es): Por César Felício | De Buenos Aires
Valor Econômico - 23/01/2013


O Brasil entrará em uma nova rodada de negociações para destravar o comércio bilateral de produtos agrícolas com Argentina e Uruguai. Nesta quinta-feira, o ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho se reunirá com o ministro uruguaio do setor, Tabaré Aguerre. Um dos pontos mais delicados entre os dois países são as importações da indústria brasileira de lácteos do país. Os produtores brasileiros conseguiram limitar a entrada do leite argentino por meio de uma cota de importação mensal, mas nunca obtiveram o mesmo compromisso em relação ao Uruguai.
Somente em 2012, entraram no Brasil 72,9 mil toneladas de leite e derivados uruguaios, em uma importação de US$ 221,9 milhões. Da Argentina vieram apenas 35 mil toneladas de leite e 17 mil toneladas de queijo. Mendes Ribeiro é pressionado por produtores brasileiros a estabelecer limites para a importação do produto uruguaio.
Na Argentina, para onde Mendes Ribeiro viaja na sexta-feira, a negociação com o ministro Norberto Yauhar envolverá as compras argentinas de carne suína. Segundo dados do governo argentino, entre janeiro e novembro do ano passado entraram no país cerca de 20,9 mil toneladas, ante as 37 mil toneladas no mesmo período em 2011.
Em carta encaminhada a autoridades brasileiras, o presidente da Abipecs, entidade que reúne os exportadores do produto, Pedro de Camargo Neto, afirmou que os importadores argentinos somente conseguem obter as DJAI e ROE, duas autorizações específicas do governo da Argentina, "quando conseguem provar igual montante exportado". Segundo a carta de Camargo, "o governo da Argentina vem exigindo equilíbrio em nível micro da balança comercial empresa por empresa", o que definiu como "flagrante desrespeito" às regras do Mercosul.
O problema arrastou-se ao longo de 2012 e o Brasil deu início a algumas retaliações em maio, barrando a entrada de maçã, batata, pera, uvas e outros produtos argentinos, mas as exigências foram suprimidas no segundo semestre. A Argentina ainda reivindica a abertura do mercado brasileiro para o limão siciliano e o lagostim, um crustáceo intermediário entre o camarão e a lagosta.