Com aumento de IPI, importados sumiram do mercado

O Estado de S. Paulo - 28/01/2013


Os aparelhos de ar condicionado desapareceram das lojas porque os pedidos do varejo para janeiro, feitos em setembro e outubro, foram programados com base num início de ano normal, não com calor excessivo, dizem fabricantes. Como o calor nas últimas semanas foi intenso, e o tempo de entrega da indústria varia de 30 a 40 dias, faltam produtos.
Uma grande rede de eletrodomésticos e móveis, que prefere não ser identificada, se queixa da escassez de aparelhos de ar condicionado e climatizadores. "Poderíamos vender mais se tivéssemos produto. O varejo não esperava uma demanda tão forte", diz a fonte.
Não é o caso das Lojas Colombo, ao menos por enquanto. "Eu consegui me planejar, recebi antes a mercadoria e consegui de certa forma suprir as vendas", diz Leandro Arruda, gerente de compras da rede. "A indústria fala que vai faltar entre 300 mil e 500 mil peças de split nesta temporada."
No polo industrial da Zona Franca de Manaus, onde são fabricados 90% desses equipamentos no País, a produção do último trimestre de 2012 cresceu ; 200% em relação a igual período de 2011, diz Wilson Perico, presidente do Centro das Indústrias : do Estado do Amazonas (Cieam). Saltou de 350 mil, em 2011, quando competia com os importados, para perto de 1 milhão no ano passado.
"Além de terem sido pegos de surpresa pelo aumento da demanda, os lojistas agora querem receber novos produtos ainda neste mês, porque está fazendo calor", afirma Perico. Os comerciantes, segundo ele, não aceitam receber os aparelhos em fevereiro ou março. "A indústria de Manaus demora, em média, 45 dias, para fazer a entrega em São Paulo ou no Rio de Janeiro ", diz o presidente da Cieam.
O varejistas lembram que os equipamentos importados, que respondiam quase 70% das vendas, sumiram do mercado. Para proteger a indústria de Manaus, em setembro de 2012, o governo elevou de 20% para 35% a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos aparelhos trazidos do exterior ou fabri-cados fora da Zona Franca. "Com a alta do dólar frente ao real, ficou inviável trazer produtos do exterior", diz Arruda, da Colombo./M.R.eM.C.