EUA negociam acordo com 20 países

O Globo - 16/01/2013


Brasil e China estão fora das discussões sobre serviços
O representante de Comércio dos Estados Unidos, Ron Kirk, informou ontem ao Congresso americano que o governo vai começar a discutir um acordo para remover barreiras sobre comércio e investimento em serviços - incluindo os setores financeiro e de tecnologia - com 20 economias, incluindo a União Europeia (UE, representando seus 27 membros), Austrália, Japão, México, Coreia do Sul e Turquia, entre outras. De acordo com a agência de notícias Reuters, o chamado Bric - bloco de grandes economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China - não quis participar das discussões preliminares, iniciadas há cerca de um ano.

Em carta ao presidente da Câmara, John Boehner, Kirk disse que isso poderia aumentar as exportações dos EUA em US$ 800 bilhões. E lembrou que cada US$ 1 bilhão em exportação de serviços gera 4.200 empregos nos EUA. Kirk ressaltou que o país é hoje o maior exportador de serviços do mundo, movimentando cerca de US$ 1,7 trilhão anualmente. Outro ponto destacado por ele foi o fato de que 95% dos consumidores globais vivem fora dos EUA.

O representante de Comércio americano ainda citou estudo do Peterson Institute for International Economics, que, em abril, estimou que esse acordo aumentaria a troca anual entre 16 países em US$ 78 bilhões. Desde então, outras quatro nações mostraram interesse em participar. O estudo ressalta que os maiores ganhadores, em termos de exportação, seriam EUA e UE. Se Brasil, China e Índia entrassem nas discussões, os ganhos comerciais aumentariam em 30%, segundo o instituto.

Itamaraty: só pelo Mercosul 

O Itamaraty informou que os Estados Unidos são um importante parceiro comercial, mas esclareceu que não comenta políticas de outros países. Confirmou que sempre negocia por meio do Mercosul e destacou que possui diferentes acordos ou negociações com outros mercados, em diferentes níveis, em busca de redução de tarifas. Entre eles estão UE, Israel, Palestina, Índia, União Aduaneira da África Austral, Marrocos, Conselho de Cooperação do Golfo, Canadá, Paquistão, Jordânia, Turquia, Rússia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Cingapura e Coreia do Sul.

Segundo uma fonte do governo brasileiro, já houve sondagens dos EUA em torno de um acordo bilateral com o Brasil. Além da regra do Mercosul, que não permite acordos do gênero em separado, o principal complicador é o elevado nível de exigências dos americanos nas áreas de investimentos, serviços financeiros, compras governamentais e patentes. Ao mesmo tempo, o Brasil não consegue abrir o mercado americano para suas exportações agrícolas e de manufaturados.

Até o momento, a Casa Branca não teria colocado empecilho por causa do ingresso da Venezuela no Mercosul, garantiu a fonte.