Dados indicam reação da China no 4º trimestre

Autor(es): Cláudia Trevísan
O Estado de S. Paulo - 11/01/2013


Crescimento de 14,1% nas exportações e de 6% nas importações no mês de dezembro ficou acima do esperado pelo mercado

As exportações, importações e volume total de financiamentos da China cresceram acima do esperado em dezembro, indicando que a segunda economia do mundo reagiu no fim de 2011, depois de registrar no terceiro trimestre o menor crescimento no período de três anos.
Os embarques registraram alta de 14,1%, bem acima dos 5% previstos por analistas em levantamento da agência de notícias Bloomberg. As importações também surpreenderam, com expansão de 6%, quase o dobro dos 3,5% esperados pelo mercado.
As compras chinesas de minério de ferro, um dos principais itens de exportação do Brasil, cresceram 11% no mês passado, refletindo o aquecimento dos investimentos em projetos de infraestrutura e no setor imobiliário. O produto é matéria-prima do aço, essencial para a construção e para uma série de indústrias, incluindo a automobilística e de eletrodomésticos.
O bom resultado das exportações foi provocado pela alta na demanda dos maiores mercados da China - Estados Unidos e Europa - e foi interpretado por investidores como um sinal de estabilização da economia global.
Os americanos compraram 10,3% a mais dos chineses em dezembro na comparação com igual período de 2011, depois de uma contração de 2,6% em novembro. Os embarques para a Europa aumentaram em 2,3%, no primeiro resultado positivo em sete meses.
Apesar da reação de dezembro, as exportações fecharam o ano com expansão de 7,9%, abaixo da meta de 10% fixada pelo governo e menos da metade da alta de 20,3% obtida em 2011.
A desaceleração no volume de embarques terá impacto negativo sobre o crescimento do país de 2012, que será anunciado na próxima sexta-feira, avaliaram economistas do HSBC. Segundo eles, o menor ritmo das exportações subtraiu 0,4 ponto porcentual do PIB nos primeiros três trimestres do ano passado.

Depois do crescimento de 7,6% no período de julho a setembro, a economia chinesa deve ter reagido e tido expansão de 7,8% nos últimos três meses do ano, apostam os analistas.

Se confirmado, o resultado será suficiente para a ligeira superação da meta de 7,5% estabelecida pelo governo para o ano, que chegou a ser colocada em xeque durante a forte desaceleração registrada em meados de 2012.

Otimismo contido. As previsões para 2013 são moderadamente otimistas. Muitos analistas não acreditam que as exportações chinesas repetirão no futuro próximo a expansão do mês passado.

“O resultado de dezembro dificilmente muda nossa visão de persistentes ventos contrários no setor externo e incertezas à frente”, disse relatório da equipe chinesa do HSBC, para a qual os embarques terão alta de um dígito nos próximos trimestres.

A falta de otimismo decorre em parte dos índices de compra de gerentes (PMI, na sigla em inglês) calculados tanto pelo HSBC quanto pelo governo chi­nês, que apontaram menor rit­mo de expansão nos novos pedi­dos de exportação em dezem­bro, indicando moderação do in­dicador no futuro.
Outros economistas coloca­ram em dúvida a confiabilidade dos dados reáativos aos embar­que sno mês passado, já que o tráfego de contêineres não correspondeu ao forte aumento das vendas divulgado pelo go­verno.
"Essa anomalia levantou algu­mas suspeitas de que certas ex­portações foram infladas para obtenção de vantagens relati­vas a devoluções de impostos", ressaltou WangTao, economista-chefe do UBS na China.