Proposta para ICMS divide Estados

Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico - 23/01/2013


Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste dizem estranhar al­gumas das reclamações feitas pe­los Estados do Sul e Sudeste em relação às propostas enviadas pe­lo governo para acabar com a chamada "guerra fiscal".
O secretário de Fazenda do Mato Grosso do Sul, Jader Julianelli Afonso, explica que as proposições apresentadas pelo governo repre­sentam uma "proposta interme­diária" entre as demandas do pró­prio governo e as dos govemado- res dos dois blocos.
Os Estados do Sul e Sudeste de­fendiam a transição das alíquotas interestaduais de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Servi­ços (ICMS) de 12% e 7% em quatro anos. O governo propôs oito anos e os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, dez. A proposta final que deve ser apresentada pelo Se­nado prevê transição em 12 anos. Com um período de cinco anos no qual perduraria uma assimetria de alíquotas de 7% e 4%. "
Afonso, que fala como represen­tante do seu bloco de Estados, ex­plica que o período maior é neces­sário, pois não se sabe o impacto econômico da transição.
O secretário diz ainda que precisa ficar claro como funcionarão o fun­do de compensação, que será utili­zado para ressarcir a perda de receita tributária, e o Fundo de Desenvolvi­mento Regional que liberará recur­sos para que os governos incentivem os investimentos nas suas regiões.
Além da equalização das alíquo­tas, outro ponto que estará em dis­cussão é o fim da unanimidade nas decisões do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) onde acontecem as discussões sobre be­nefícios fiscais entre os Estados. Afonso explica que a mudança no quórum das decisões fói tema de reunião dos secretários de Fazenda realizada no começo de dezembro, mas a divergência sobre qual mo­delo deve ser adotado persiste.
São Paulo, por exemplo, é contra o fim da unanimidade. O governo paulista entende que existe o risco de que decisões prejudiciais às fi­nanças de um Estado ou grupo de Estados sejam tomadas e tenham que ser acatadas pelos afetados.
Pelo projeto de lei complemen­tar enviado pelo governo, as deci­sões do Confaz deixariam de ser unânimes em 2013, para que seja feita a rèmissão e convalidação dos benefícios tributários que estão em desacordo com a Constituição. Se­gundo Afonso, a proposta enviada pelo governo não reproduz o acer­tado, que era um texto já propondo a convalidação dos benefícios.
Como o texto vai para tramita­ção não está descartada uma mu­dança permanente no quórum do Confaz. Segundo Afonso, há três propostas diferentes para o tema. Uma que determina que as deci­sões do órgão sejam aprovadas por dois terços dos Estados mais um re­presentante de cada região. Outra que prevê aprovação por três quin­tos dos Estados. E uma terceira, fei­ta por uma comissão de notáveis contratada pelo Senado, que além de prever a necessidade de apoio de três quintos dos Estados, exige o atendimento de outros quesitos es­pecíficos, como valor industrial adicionado, calculado por regiões.
Afonso também defendeu a manutenção de alíquota de 12% para os produtos da Zona Franca de Manaus e o gás do Mato Gros­so Sul. Esse é outro ponto questio­nado por São Paulo.
Os Estados concordam em apro­veitar as discussões para propor uma mudança no percentual de re­ceita que os Estados são obrigados a destinar ao pagamento de dívidas. A proposta não está nos projetos en­viados pelo governo para apreciação dos congressistas, mas nada impede que eles mesmos a incluam. O que foi oferecido pelo governo é uma mudança no indexador das dívidas. O IGP-DI mais 6% a 9% de correção seria substituído por IPCA mais 4% ou taxa Selic, o que for menor. A pro­posta original dos governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste era de IPCA mais 2%.