Uruguai apoia candidatura do Brasil para dirigir a OMC

O Estado de S. Paulo - 16/01/2013


Voto uruguaio é apenas 1 entre os 155 que o Itamaraty precisa para eleger Roberto Azevêdo  diretor-gerente

Brasil e Uruguai fecham as feridas da disputa pela direção da Organização Mundial do Comércio (OMC) e Montevidéu anuncia que vai votar no candidato brasileiro Roberto Azevêdo para o cargo máximo do comércio. Nesta semana, Azevêdo viajou até a capital uruguaia e conseguiu do ministro de Relações Exteriores do país, Luis Almagro, o compromisso de que Montevidéu vaiapoiar o Brasil.
O voto do Uruguai é apenas um entre os 155 que o Itamaraty precisa. Mas é um sinal político importante, pelo menos na região. O apoio de Montevidéu representa o fim de um mal-estar deixado em 2005, quando as chancelarias de Brasil e Uruguai travaram uma disputa nas eleições daquele ano pela OMC. Montevidéu havia apresentado o nome de seu embaixador, Carlos Pérez de Castillo, ao cargo.
O diplomata, porém, era visto com suspeita por parte do Brasil, que o considerava próximo dos interesses de americanos e europeus. Para azedar a candidatura de Castillo, o então chanceler Celso Amorim obrigou o ex-embaixador do Brasil na OMC Luiz Felipe de Seixas Corrêa a se apresentar como candidato. A meta não era a de vencer a disputa, mas dividir os votos latino-americanos e impedir que o Uruguai saísse vencedor. A manobra de Amorim até hoje é alvo de comentários na sede da OMC, em Genebra, como um exemplo de como governos consideram o posto de diretor da entidade como um elemento estratégico em seus cálculos.
De certa forma, a aposta de Amorim deu resultados. Seixas Corrêa saiu derrotado e acabou sendo enviado como embaixador do Brasil na Santa Sé. Mas Castillo também não conseguiu apoio suficiente e amargou uma derrota. O cargo acabou nas mãos do ex-comissário de Comércio da Europa Pascal Lamy.
Por anos, o governo uruguaio - culpou diretamente Amorim pela derrota de Castillo. Quando Azevêdo se apresentou como candidato, muitos na OMC duvidavam de que Montevidéu oapoiaria.
Nesta semana, Azevêdo, que está em turnê em busca de votos, foi recebido por Almagro. Rompendo uma praxe, o chanceler decidiu anunciar abertamente seu apoio ao brasileiro. "OUruguai vai dar seu apoio à candidatura do Brasil", disse. "Acreditamos que a posição do embaixador Azevedo representa os interesses regionais e defenderemos para que a candidaturaseja do Mercosul", disse.
Além do Uruguai, o Brasil já tem o apoio da Argentina." Para que seja uma candidatura do Mercosul, porém, terá de convencer o Paraguai a deixar as diferenças políticas com o Brasil de lado, algo que não está garantido. Além de Azevêdo, México e Costa Rica apresentaram nomes ao cargo na região. Outros seis concorrentes dê praticamente todos os continentes também estão na disputa que deve terminar em maio./j.c.
Estratégia
Em 2005, o Brasil lançou o ex- embaixador do país na OMC Luis Felipe de Seixas Correa para "azedar" a candidatura do uruguaio Carlos Pérez del Castillo. Os dois perderam e foi eleito para diretor- gerente da OMC o ex-comisário da Europa Pascal Lamy.