PETROBRAS PREVÊ AUMENTO DA GASOLINA. MANTEGA NEGA

DIVERGÊNCIA OFICIAL
Autor(es): agencia o globo : Wagner Gomes, Martha Beck e Ramona Ordoñez
O Globo - 07/04/2011

Gabrielli afirma que gasolina subirá se petróleo ficar em US$122; Mantega diz que não há alta prevista

Gabrielli alegou que uma variação muito grande de preços no mercado internacional prejudica a margem de lucro das refinarias. Na manhã de ontem, o barril do petróleo do tipo Brent atingiu a sua maior cotação em dois anos e meio, a US$123, por causa da crise na Líbia. Dois meses atrás, de acordo com o próprio Gabrielli, o valor não passava de US$100.
- Se se confirmar a estabilização do preço do petróleo no plano internacional em torno de US$122, vamos ter de alterar o preço da gasolina no Brasil. Nós não sabemos se os preços vão se consolidar nesse nível, mas, se consolidarem, evidentemente teremos compressão em nossa margem e precisaremos ajustar o preço doméstico - afirmou Gabrielli, logo após participar de um encontro com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Consumidor já paga mais nas bombas

O presidente da estatal lembrou que o preço da gasolina pura da Petrobras (tipo A), sem etanol, está inalterado desde maio de 2009, em torno de R$1 o litro. Nas bombas, no entanto, o preço é mais alto e vem subindo por causa de repasse de encargos com impostos estaduais, custo de distribuição e aumentos constantes no preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina na proporção de 25%.

Gabrielli disse ainda que no próximo dia 15 chegará ao país uma carga reserva de importação de petróleo. Se essa carga não for suficiente para suprir a demanda, a companhia poderá fazer um novo pedido, já que a Petrobras está no limite de sua capacidade de produção. A demanda por gasolina aumenta à medida que o preço do álcool sobe nas bombas.

- Se a demanda (por gasolina) se contrair e se a oferta de etanol aumentar, fazendo o preço do etanol cair, haverá menos demanda e não precisaremos importar - disse.

Apesar de a Petrobras não reajustar seus preços para as refinarias desde 2009, os consumidores estão pagando mais caro pela gasolina e o diesel nas bombas. No Rio, na semana passada, postos vendiam a gasolina a R$3,098 o litro, 23,6% a mais do que a média de R$2,502 de 2009. O mercado de distribuição é livre, não tem os preços controlados.

Horas depois, porém, o ministro Mantega contradisse Gabrielli, ao afirmar que não há nenhuma previsão de alta nos preços da gasolina no país.

- Não estou preocupado com a alta da gasolina porque não há alta da gasolina. Não está prevista nenhuma alta da gasolina no Brasil. Ela não vai subir - afirmou o ministro.

Mantega também comentou a elevação dos preços do etanol por causa da entressafra:

- O álcool subiu porque todo ano neste período ele sobe, por causa da entressafra. Todo mundo sabe. E também é devido a chuvas mais demoradas que prejudicaram a colheita. Mas, a partir de abril, a safra começa a ser colhida, aumenta a oferta e, a partir de maio, o preço passa a cair.

Protesto contra alta chega ao Twitter
A declaração de Gabrielli, de que o preço da gasolina pode aumentar, causou revolta no Twitter. Os internautas estão organizando um boicote aos postos BR, utilizando o marcador #boicotepostosbr. O termo é o terceiro mais falado no brasil, na lista dos Trending Topics do microblog. O primeiro termo mais citado, absoluto há mais de três dias, também relacionado ao preço dos combustíveis, é #combustivelmaisbaratoja.
Em entrevista, o presidente da Petrobras disse também que a aquisição da Gas Brasiliano pela estatal, em maio do ano passado, está em fase final de avaliação e que ele só vai se pronunciar depois disso. O negócio está sendo analisado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Logo após a reunião com Alckmin, Gabrielli disse que a Petrobras tem plano de investir US$33 bilhões no estado nos próximos quatro anos, mas cobrou agilidade na liberação de licenças ambientais aos projetos da companhia.

Gabrielli disse ainda que a estatal deverá iniciar até o fim deste mês as operações de um gasoduto que ligará a unidade de tratamento de gás em Caraguatatuba a Taubaté, no interior paulista, e que está atento ao aumento da demanda por gás natural de indústrias e de usinas termelétricas em São Paulo.

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