Autor(es): Lázaro de Souza | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 06/06/2011
Apesar dos constantes e reiterados apelos da diplomacia e dos produtores brasileiros pelo fim dos subsídios aos produtores americanos de etanol - estimado em US$ 6 bilhões ao ano - e da taxação à entrada do produto nacional no mercado dos EUA, o quadro não deve se alterar no médio prazo. A avaliação é de técnicos do setor produtivo e de analistas. O argumento principal do governo dos Estados Unidos é que os mecanismos de incentivo ajudam a manter aproximadamente 400 mil empregos.
Além disso, como afirmou recentemente o secretário de Agricultura do governo Obama, Tom Vilsack, acabar com o subsídio à pesquisa e produção de etanol a base de milho significa ampliar a dependência americana do petróleo. Interna e politicamente, são argumentos muito fortes. "Sinceramente, se nos colocarmos na posição americana, fica meio indefensável falar em redução das taxas", analisa Adriana de Queiroz, coordenadora executiva do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Do lado brasileiro, não resta alternativa senão lutar, em todos os fóruns ligados ao tema, ao menos por uma diminuição na taxação e no subsídio, como tem ocorrido nos últimos anos. Foi o que aconteceu no começo de maio, quando o Itamaraty aproveitou uma reunião do Comitê de Subsídios da Organização Mundial do Comércio (OMC) para solicitar esclarecimentos do governo americano em relação aos subsídios concedidos aos produtores de etanol. "No nosso ponto de vista, o pleito ideal é para que a taxação seja zero", diz o engenheiro Alfred Szward, diretor técnico da Associação dos Engenheiros Automotivos (AEA).
Para os analistas brasileiros, o esforço diplomático deve ser intensificado nesse momento, quando começa a se fortalecer no Congresso Americano uma posição favorável ao fim dos subsídios. Grupos de parlamentares alegam que, com a elevação dos preços do milho no mercado internacional, subsidiar o produtor não se justifica mais. Além disso, com a definição de metas de uso do etanol no mercado americano, as vendas da indústria local estariam garantidas. Como se não bastasse, a desaceleração da economia após a crise de 2008 obriga o governo a reduzir todos os gastos.
A administração Obama divulgou a meta de instalar 10 mil bombas de etanol em postos dos Estados Unidos nos próximos cinco anos, o que contribuirá para aumentar enormemente a demanda. É de olho nesse potencial de mercado que tanto o governo brasileiro, quanto os produtores nacionais de etanol estão de olho. Todos os envolvidos sabem que do fôlego do mercado americano depende a boa evolução das exportações brasileiras de etanol - desde que seja possível derrubar a barreira da taxação.
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