Supernavio da Vale que ia para China é desviado

O Globo - 22/06/2011

Autoridades não teriam liberado desembarque. Maior mineraleiro do mundo segue para Itália

RIO e PEQUIM. O primeiro dos supernavios da Vale, anunciado com pompa e circunstância por Roger Agnelli em um de seus últimos eventos públicos antes de deixar a presidência da companhia, não conseguiu chegar a seu destino final. O Vale Brasil, que deixou o país em 24 de maio em direção à China teve de dar meia volta rumo à Itália. Segundo fontes do site especializado em siderurgia Steel Orbis, as autoridades chinesas não teriam concedido permissão para que o navio aportasse no porto chinês de Dalian. Em nota, a mineradora limitou-se a dizer que "a alteração faz parte da flexibilidade da política de logística integrada que permite à Vale realocar o destino das exportações, conforme necessidade de mercado".

A razão para a suposta não autorização para atracação do navio seriam os trabalhos de dragagem que estão sendo executados no porto, o que limitaria o desembarque de navios com capacidade de até 300 mil toneladas. O Vale Brasil tem capacidade de 400 mil toneladas e foi anunciado como o maior mineraleiro do mundo em atividade. O objetivo da Vale em encomendar embarcações de tamanha magnitude era justamente elevar a produtividade de suas exportações, para tornar-se mais competitiva em relação à Austrália, sua principal concorrente e que está bem mais perto da China.

O navio foi construído na Coreia do Sul, pois o único estaleiro nacional capaz de aceitar encomendas desse porte estava lotado de pedidos da Petrobras, segunda a Vale. Os pedidos ao exterior foram o estopim do mal-estar de Agnelli com o ex-presidente Lula, que acabaram culminando com a saída do executivo da empresa. Além do Vale Brasil, outros seis navios foram encomendados à Coreia, e mais 12 serão construídos na China.

O Vale Brasil aportará em Taranto, na Itália, onde a siderúrgica Ilva deverá absorver ao menos parte da carga. (Danielle Nogueira, com agências internacionais).