Produtos de aço e frutas lotam embarcações

Valor Econômico - 29/07/2011

Produtos siderúrgicos e frutas foram os grandes destaques na movimentação de 1,3 milhão de toneladas pelo Porto de Pecém, de janeiro a junho de 2011. Uma das alavancas do desenvolvimento do Ceará, o terminal registrou aumento de 17% no transporte de mercadorias em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando foram movimentadas 1,1 milhão de toneladas.

Do total de mercadorias registrado no primeiro semestre de 2011 em Pecém, 379 mil toneladas são referentes às exportações, enquanto as importações contribuem com 998 mil toneladas, transportadas por 271 navios. "O terminal opera com embarcações de grande porte e cumpre um papel importante na consolidação das exportações e importações do Ceará e Estados vizinhos", diz Erasmo Pitombeira, presidente da Cearáportos, que administra Pecém.

Os destaques das movimentações de cargas gerais foram os produtos siderúrgicos, com 240 mil toneladas, seguidos de frutas, com 77 mil toneladas; cereais, com 70 mil toneladas transportadas, além de algodão (58 mil) e plásticos (25 mil).

Segundo dados da Secretaria do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Secex), o Porto do Pecém é lider nacional em embarques de frutas e de calçados e segundo colocado na importação de algodão. A movimentação de frutas confere ao terminal uma participação de 33% nesse nicho entre todos os portos nacionais, seguido por Santos (16%), Rio Grande (14%), Mucuripe (11%) e Itajaí (9%).

"A posição privilegiada na entrega de frutas acontece por conta de projetos de agricultura irrigada, implantados no Estado, no final dos anos 1990", explica Francisco Zuza de Oliveira, presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). "Os programas conseguiram aproveitar mais de 85% da água usada nos campos, para manter culturas como melão, melancia, abacaxi e mamão."

A área cultivada nos perímetros irrigados passou de 53,8 mil hectares, em 1999, para 84 mil hectares em 2009, o que permitiu que o valor da produção da agricultura irrigada aumentasse de R$ 131,9 milhões para R$ 909,4 milhões, no mesmo período. Para se ter uma ideia, somente a área irrigada da fruticultura cresceu 55% nesses dez anos - de 17,9 mil hectares para 39,8 mil hectares -, enquanto os terrenos para hortaliças foram ampliados em 57,1%.

"Além das frutas, o Estado é o maior exportador de rosas do país, transportadas por avião", diz Oliveira. "Quase 70% das rosas exportadas do Brasil saem do Ceará." Os produtores cultivam 300 variedades da planta, em 500 cores diferentes. Em 2009, a exportação de flores somou US$ 4 milhões.

Segundo o presidente da Adece, o avanço da agricultura irrigada no Estado só foi possível por conta de aportes em novas tecnologias, contratação de mão de obra especializada e pela ousadia dos produtores. "Eles acreditaram no projeto e fizeram empréstimos para ações de inovação e capacitação." Os resultados alcançados pela agricultura irrigada no Ceará chamam a atenção de outros Estados, como o Rio Grande do Sul, que já mandou técnicos às plantações para conhecerem o projeto.

Atualmente, a agricultura irrigada emprega aproximadamente 58,4 mil pessoas no Estado, 24,9 mil a mais do que em 1999. Do total de postos de trabalho, 23,3 mil são gerados pela fruticultura, 13 mil pela produção de hortaliças e 3,9 mil pela floricultura.

Apesar de todos os setores da economia serem afetados de maneira positiva com a maior eficiência do porto, o impacto poderá ser sentido, principalmente, entre empresas de produtos alimentícios, frutas e bebidas, segundo Carlos Mota, da Ernst & Young Terco. "Setores até então incipientes no Estado, como o de petróleo e gás, também se desenvolverão com a ajuda do terminal."

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