Balança comercial leva a saída de recursos

Autor(es): Por Murilo Rodrigues Alves | De Brasília
Valor Econômico - 10/11/2011

Outubro se juntou a junho e agora são os dois únicos meses de 2011, até agora, em que as saídas de moedas estrangeiras no país superaram as entradas. O valor baixo registrado no mês passado, de US$ 134 milhões negativos, levou o saldo líquido a ficar praticamente zerado, situação só melhor que a de junho, quando US$ 2,556 bilhões deixaram o país.

Mesmo não sendo considerada uma fuga de capitais, o resultado é bastante distinto do verificado nos meses anteriores, os quais apontaram saldos líquidos altos e positivos: julho (US$ 15,825 bilhões), agosto (US$ 4,155 bilhões) e setembro (US$ 8,484 bilhões).

O que mais pesou para o desempenho fraco do mês foi o resultado da conta comercial. Mesmo superavitário em US$ 1,868 bilhão, o saldo foi bem mais modesto do que os US$ 8,758 bilhões de setembro. As entradas de dólares com ganhos de exportação ficaram em US$ 21,552 bilhões no mês passado, ante US$ 26,228 bilhões de setembro. Por outro lado, as saídas decorrentes dos contratos de importação caíram de US$ 17,469 bilhões em setembro para US$ 19,684 bilhões em outubro.

A economista do Bradesco Andréa Damico diz que a valorização do câmbio foi o fator decisivo para que a média diária dos ganhos com exportações trazidos ao país caísse sensivelmente ao longo do mês passado. Esse movimento foi inverso ao de setembro, quando o real desvalorizado deixava atrativo o ingresso dos dólares pelos exportadores. Os importadores que puderam também esperaram o real ficar mais forte para contratar o câmbio em outubro, o que fez com que houvesse um aumento diário desses tipos de contratos.

Em 2011, o segmento comercial foi responsável por segurar o saldo positivo do câmbio mesmo com déficit na conta financeira em quatro meses anteriores a outubro. A economista do Bradesco afirma que o arrefecimento desse segmento, mesmo que seja pontual, chama a atenção. "Já acende uma luz amarela. É preciso ficar de olho nos próximos resultados para ver se não é uma tendência."

O déficit da conta financeira, que registra investimentos, empréstimos e financiamentos externos, aumentou de US$ 274 milhões em setembro para US$ 2,002 bilhões em outubro.

Os dados divulgados ontem pelo BC ainda mostram que o fluxo cambial continuou negativo no início de novembro, quando US$ 36 milhões deixaram o país. Nos três primeiros dias úteis do mês, saíram US$ 223 milhões pela conta financeira e entraram US$ 197 milhões pelo segmento comercial.

No acumulado deste ano, o fluxo cambial apresenta superávit de US$ 68,128 bilhões, aumento significativo quando comparado às entradas líquidas de moeda estrangeira no mesmo período do ano passado (US$ 22,837 bilhões).

O BC também divulgou que o sistema bancário fechou o mês de outubro com posição comprada em US$ 3,713 bilhões em sua carteira de câmbio, a maior desde novembro de 2009 (US$ 4,289 bilhões).

Ainda de acordo com a autoridade monetária, as reservas internacionais fecharam o mês de outubro praticamente inalteradas em US$ 352,966 bilhões, ante US$ 349,708 bilhões da posição em setembro.

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