Venda de importados mantém fôlego

Correio Braziliense - 13/11/2011

A ameaça do governo de conter um "surto" de importações de veículos, por meio do controle de concessão de licenças de importação, chegou tarde. Desde setembro, quando o Ministério da Fazenda elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as montadoras elevaram os estoques e se prepararam para o aumento da demanda de fim de ano. Quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) postergou o início da cobrança do tributo em dois meses (de 16 de outubro para 16 de dezembro), os pátios das concessionárias estavam cheios de modelos variados, para todos os públicos, sem o peso maior do tributo. "A medida é tardia. As fabricantes estrangeiras já estão com os navios lotados e documentos em dia", afirmou Anacleto Trigilio Filho, gerente-geral da Kyoto Motor, comerciante da marca Toyota.

Antes do anúncio do aumento do IPI, e mesmo depois dele, as vendas de carros importados cresciam a todo vapor. Em outubro, porém, o mercado se enfraqueceu um pouco, mas a expectativa, daqui por diante, é de fôlego renovado. "Acreditamos que, em 2012, o setor encontre um ponto de equilíbrio. As montadoras assumirão uma parte dos custos, as distribuidoras outra, e os consumidores arcarão com um pedaço. Os preços não devem subir mais do que 15%", disse Anacleto. Com esse arranjo, a projeção é de avanço médio de 5% no faturamento no ano que vem.

O comprador que guardou dinheiro, apressou-se para ir às compras. A gerente comercial Alice de Souza, 30 anos, trocou o carro de fabricação nacional, de pouco mais de um ano, por um importado completo. "O antigo vai para a minha cunhada. Financiei o novo em 60 meses", afirmou. O empresário João Luiz, 67, disse que precisava de um automóvel importado, por conta do trabalho na fazenda. "Dou força para o governo. Tem que obrigar as empresas a produzirem mais no Brasil. O problema é que não se consegue melhorar a qualidade dos veículos feitos aqui", lamentou. O engenheiro civil João Antônio, 71, afirmou que compra importados há 30 anos e não pretende abrir mão deles, "independentemente do governo".

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