RISCOS E OPORTUNIDADES NO COMÉRCIO

Fonte: (Sem Fronteiras - edição 464 - Paulo Werneck)
05/11/2011

Estamos vivendo uma era conturbada. A partir da irresponsabilidade dos governos dos países centrais, que, confiando na "mão invisível" dos mercados, optaram por desregulamentar as atividades financeiras, estamos vendo uma crise crescente, passando como um furacão nas suas economias, com reflexos dramáticos para o mundo como um todo.

O Brasil, pouco atingido, foi apenas uma "marolinha", nem por isso deixa de sentir a crise, que afeta seus mercados consumidores.

Exportadores estão numa sinuca de bico: precisam exportar, mas será que serão pagos?

A solução tradicional, cartas de crédito, apesar de cara também não garante totalmente, primo porque os bancos, certamente, terão mais dificuldade de assumir tais riscos, notadamente em economias já vulneráveis, bem como há que se avaliar se o banco emissor da carta de crédito está efetivamente saudável...

Tempos duros exigem soluções criativas. Quem gera a riqueza não é o mercado financeiro, mas a agricultura e a indústria.

O fato de um país estar quebrado não significa que seja improdutivo ou não tenha necessidades. Certamente, estará ávido por comprar mercadorias, sem ter crédito, e talvez com mercadorias encalhadas, fragilizando seus canais de distribuição.

Isso permite a nossa agressiva entrada em novos mercados, basta fazermos operações casadas: vendemos e compramos em paralelo, quase um escambo.

Para isso, as empresas exportadoras e importadoras com foco nesses países podem se organizar nas câmaras de comércio bilaterais, vendendo e comprando em paralelo, de modo que o pagamento da importadora garanta o recebimento da exportadora.

É claro que essas operações casadas precisam ser combinadas com o banco e com as empresas estrangeiras.

Entendo que negócios desse tipo podem ser válvulas de escape para as economias estrangeiras combalidas, ao mesmo tempo em que aumenta a nossa participação naqueles mercados, com a vantagem adicional de serem efetuados em tempos difíceis, o que nos dará um valor moral nada desprezível.

Há quem veja o comércio como uma atividade venal, em que as partes só buscam o lucro. Não o vejo assim, nem Platão em A República, que afirmou serem necessários comerciantes e marinheiros, mercado e moeda.

Outrossim, em que os comerciantes estão presentes, os exércitos se calam. Nada mais garantidor da paz que as nações ligadas por estreitos laços de comércio e as populações desfrutando de economias dinâmicas.

A nossa atividade pró-ativa nesses mercados pode vir a ser lucrativa e, certamente, favorecerá a paz.

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