Negociação contra barreiras argentinas

Correio Braziliense - 21/01/2012

Empresários brasileiros preocupados com a recente adoção de barreiras protecionistas pela Argentina pedirão audiência com a presidente Cristina Kirchner na última semana de janeiro, assim que ela estiver recuperada da cirurgia para retirada da glândula tireoide. O grupo, liderado pelos industriais de São Paulo, tentará solução amigável para derrubar a Resolução nº 3.252 da Receita Federal argentina, que pode dificultar até 79% das exportações brasileiras para seu maior parceiro no Mercosul.

Os entraves às vendas, que entrarão em vigor em 1º de fevereiro, representam mais um golpe dentro do bloco. Na avaliação dos empresários, os países deveriam unir forças para enfrentar a entrada de produtos asiáticos em vez de brigar com um importante parceiro comercial. O comércio entre os dois países somou, no ano passado, US$ 39,6 bilhões, com US$ 5,8 bilhões de saldo favorável ao lado brasileiro — resultado de US$ 22,7 bilhões em exportações e US$ 16,9 bilhões em importações.

Ontem, em reunião com representantes de sindicatos, os empresários afirmaram que o objetivo é buscar uma solução benéfica para ambos os países, sem que seja necessário recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC) em busca de uma solução da controvérsia comercial. O grupo já entrou em contato com o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e com o embaixador do Brasil na Argentina, Enio Cordeiro.

A ideia é forçar o governo brasileiro, em especial o chanceler Patriota, a abrir negociações com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Os empresários brasileiros pedem pressa, pois querem evitar prejuízos com as restrições às importações, que vão valer principalmente para produtos industrializados. Vários artigos só poderão entrar no país vizinho após uma autorização especial.