Dólar cai e governo fala em novas medidas

Autor(es): CÉLIA FROUFE
O Estado de S. Paulo - 19/01/2012

O dólar teve ontem a terceira queda consecutiva ante o real e o movimento acendeu um alerta no governo. Preocupados com a possibilidade de uma nova onda de valorização da moeda brasileira, fontes do Ministério da Fazenda disseram ao Estado que medidas podem ser adotadas para estancar o movimento, caso a tendência não se reverta nos próximos dias.

A primeira reação do mercado ao alerta foi de ceticismo. Um economista de uma corretora nos Estados Unidos afirmou em comunicado para clientes que a "guerra" teria começado "outra vez" e a expectativa é apenas de "intervenção vocal" do governo nos próximos dias. Na prática, segundo o economista, não se esperam medidas antes de a cotação do dólar se aproximar da barreira psicológica de R$ 1,70.

Ontem, a moeda fechou na mínima de R$ 1,767 no mercado à vista. Nos três primeiros dias da semana, a queda já é de 1,56%. No mês, o dólar acumula desvalorização de 5,56%.

Uma série de fatores faz com que o dólar passe a valer menos. Lá fora, depois de muitas notícias negativas, o mercado viveu ontem um dia de alívio. As bolsas das principais economias subiram e o euro retomou fôlego. Aqui, o mercado de ações acompanhou a onda de otimismo. Colaborou também o crescimento do fluxo cambial no País, incrementado por recentes emissões externas feitas por empresas.

A nova sequência de valorização do real em relação ao dólar ocorre em meio ao ciclo de redução da taxa básica de juros pelo Banco Central.

Ainda que a redução da Selic possa ser vista como movimento contrário à atratividade de novos investidores, o juro brasileiro ainda é muito alto em relação às taxas praticadas nas principais economias do mundo.

O mesmo cenário internacional que dá gás à desvalorização do dólar é o que traz apreensão à equipe econômica. A avaliação do governo é de que é preciso calibrar a cotação, para evitar uma enxurrada de mercadorias estrangeiras a preços baixos no Brasil e garantir atratividade ao produto nacional para manter e até ganhar novos mercados lá fora.

Com a crise externa, quem produz hoje tem pouco mercado para vender. E o Brasil, que está em um momento econômico diferenciado, é um destino certo para os exportadores. O governo tem consciência de que é preciso cuidado nessa coordenação e que qualquer falta de atenção pode causar repique da inflação.

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