Nos moldes dos chamados "Eximbanks", o novo banco estatal brasileiro será chamado de BNDES-Exim
Brasília Um banco para financiar exclusivamente as exportações e o setor produtivo voltado para o comércio exterior será criado no primeiro semestre deste ano. A promessa é do novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
O banco estatal será chamado de BNDES-Exim, controlado pelo banco de fomento nos moldes dos chamados "Eximbanks", que financiam o comércio exterior.
Essa forma de operação já é feita por diversos bancos no Brasil, mas será concentrada em uma única instituição. A ideia de abrir um Eximbank no Brasil era estudada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dois anos. Porém não houve consenso sobre as regras.
Burocracia
O Ministério da Fazenda tinha a intenção de criar uma superestatal do seguro, que ofereceria as garantias sobre as operações do BNDES-Exim. Essa seguradora estatal acabaria gerando burocracia nas operações do Exim, afirmavam os críticos da ideia.
Ontem, Pimentel afirmou que a estatal do seguro não será mais criada. E o BNDES-Exim terá um fundo garantidor para cobrir as operações em caso de calote das empresas. O novo ministro disse que esse fundo terá regras mais simples, recursos próprios e deverá ser gerido pelo próprio BNDES.
"A ideia não está abandonada. Ficou parada no período eleitoral. Mas, no primeiro semestre deste ano, vai estar a pleno vapor", disse Pimentel. Em seu discurso de posse, ele citou os efeitos perversos da "guerra cambial", criticou o nível dos juros e a carga tributária elevada. De acordo com o novo ministro, Dilma dará prioridade ao câmbio e aos mecanismos de defesa comercial, temas que ela deverá discutir com o governo chinês, em visita que fará ao país asiático. Hoje, a China é o principal alvo das ações antidumping brasileiras.
Patos de borracha
Para explicar a situação das empresas na guerra cambial, o novo ministro do Comércio Exterior usou uma analogia infantil: são patinhos de borracha que surfam na mesma onda. Alguns estão em cima da onda, outros estão embaixo. Segundo ele, o governo pode dar motores para que todos subam.
Cortes de impostos
Amigo pessoal de Dilma Rousseff, o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, revelou ainda que a presidente está preocupada com o impacto da taxa de câmbio sobre as exportações brasileiras e admitiu a necessidade de desonerações setoriais de impostos, para compensar a indústria nacional.
Após uma concorrida cerimônia de posse, Pimentel disse que Dilma pediu um "coro afinado" na equipe econômica. Além disso, a presidente pôs na lista dos desafios do novo governo o enfrentamento da guerra cambial. "O governo não vai ficar passivo, inerte, assistindo à nossa moeda se valorizando e a nossa indústria sendo prejudicada", ressaltou. Embora o novo ministro não tenha mencionado os setores que serão beneficiados com o corte de impostos, o governo estuda contemplar aqueles que mais sofrem com a concorrência dos importados, como, por exemplo, móveis, calçados e têxteis.
Fonte: Diário do Nordeste