Autor(es): Por Caio Junqueira | De Brasília
Valor Econômico - 03/11/2011
Após iniciativas esparsas de promoção comercial, em mais de 20 anos de distanciamento decorrente das sanções econômicas da ONU pela invasão do Kuait, Brasil e Iraque ensaiam maior aproximação, com negociações de comércio em torno de petróleo, frango, infraestrutura e até mesmo pelo futebol.
Na semana passada, uma comitiva iraquiana chefiada pelo vice-chanceler do Iraque, Labeed Abbawi, e com quatro ministros de Estado, esteve no Itamaraty e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo recíproco é equilibrar as trocas comerciais entre os dois países, tanto em valores quanto em tipos de produtos.
Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil exportou ao Iraque US$ 226 milhões em carne de frango, ao passo que a exportação do Iraque para cá foi de US$ 677 milhões, toda referente a petróleo. A comitiva pediu a inclusão do Iraque na missão empresarial chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, no primeiro trimestre de 2012 aos vizinhos Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. Mais do que isso, os iraquianos defendem a entrada das grandes construtoras brasileiras na reconstrução do país.
Dos US$ 120 bilhões do Orçamento iraquiano para este ano, US$ 24 bilhões serão destinados a obras de infraestrutura. Duas grandes construtoras, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, já teriam demonstrado interesse, além da Petrobras, na área de petróleo.
Além disso, eles reivindicam o perdão da dívida que o país tem com o Brasil e a querem incluir o açúcar brasileiro em seu programa social de distribuição de cestas básicas. O vice-chanceler iraquiano, em encontro no Rio com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, propôs, ainda, a realização de um jogo da seleção brasileira com a iraquiana em 2012.
Seria um gesto de apoio político, assim como o jogo que o Brasil fez com o Haiti. Os iraquianos têm interesse também em troca de experiências sobre a transição para a democracia no Brasil. O governo brasileiro também avalia ser importante estabelecer contato próximo com a nascente democracia iraquiana, e esse foi um dos motivos para a recente definição do novo embaixador brasileiro no país, Anuar Nahes.
No aspecto comercial, o Brasil quer que o Iraque reveja as recentes normas zoosanitárias que provocaram queda na exportação da carne de frango ao país. O governo iraquiano endureceu as normas de certificação animal, eliminando a possibilidade de que a certificação fosse feita pelo Ministério da Agricultura, no Brasil. Isso teve um impacto imediato na exportação de frango, que estava em alta. Entre janeiro e setembro de 2011, as vendas cresceram 6% em relação ao mesmo período do ano anterior (de 70 mil para 74 mil toneladas); mas nos meses seguintes às medidas a queda foi abrupta. As vendas caíram de 11,7 mil toneladas em agosto para 6,4 mil em setembro.
A ida de Pimentel ao Iraque está em análise. Cogita-se que, caso o ministro não possa ir a Bagdá, ao menos parte do grupo de empresários que viajarão com ele se desloque até lá para reuniões com o governo iraquiano.
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