Valor Econômico - 02/01/2012
Ao contrário da balança comercial com os Estados Unidos, com outros três destinos de expressão (China, União Europeia e América Latina) o Brasil tem saldo positivo. Enquanto produtos primários se valeram da alta generalizada de preços no mercado internacional e do aumento no volume da produção, fazendo os brasileiros registrarem superávit na balança, o país aumentou a compra de produtos com maior densidade tecnológica.
A China se firmou em 2011 como o maior parceiro comercial do Brasil. O bom preço no mercado internacional e os investimentos no crescimento da produção fizeram de minérios e soja os campeões na pauta de exportação para os chineses. Os brasileiros venderam US$ 18,2 bilhões em minério de janeiro a novembro do ano passado, crescimento de 55,2% em relação aos onze meses de 2010. A soja também teve aumento significativo no mesmo período (47,8%) e somou US$ 10,5 bilhões.
O destaque em 2011 ficou por conta do açúcar e do algodão. O primeiro, com cotação atrativa, foi um dos responsáveis pelo aumento do preço do etanol neste ano no Brasil, já que parte maior da safra de cana foi direcionada à produção do açúcar. Os chineses compraram US$ 1,2 bilhão do produto, mais do que o dobro dos US$ 491 milhões registrados no em 2010. As cifras deixaram o açúcar como o quarto produto mais procurado. O algodão também teve salto significativo: passou de US$ 137 milhões para US$ 504 milhões em vendas para o país asiático.
A pauta de exportações para a União Europeia seguiu a tendência, com predominância de commodities. Minério de ferro (com vendas de US$ 8,3 bilhões e alta de 44,6%), café US$ 3,9 bilhões e alta de 55%) e ração animal (feita a partir do farelo de soja, com US$ 3,7 bilhões e crescimento de 19,2%), são os três produtos que mais entraram no mercado europeu.
A alta mais considerável foi em ferro e aço (total de US$ 2,2 bilhões, com crescimento de 98,4%), seguido do açúcar (US$ 768 milhões, alta de 71%). Em contrapartida, produtos com maior valor agregado perderam mercado. Aeronaves e peças, automóveis e peças e calçados venderam menos 28,2%, 47,1% e 24,6%, respectivamente, do que em 2010.
A única região que quebra um pouco a lógica de exportação de commodities e importação de produtos com maior valor agregado na balança brasileira é a América Latina. Automóveis e peças são o carro chefe, com vendas de US$ 10,5 bilhões e aumento de 19,2% em relação a 2010. Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos cresceram 21,9%, atingindo US$ 5,9 bilhões. Até derivados de petróleo e biocombustíveis, que foram beneficiados por aumento de preço, ganharam também volume maior de exportação, aumentando 134,5% e indo a US$ 4,1 bilhões. Além do crescimento desses itens, o acréscimo de 35,6% na venda de elementos químicos e metais raros, que somaram US$ 411 milhões, também chamaram a atenção. O açúcar perdeu espaço na região, com as vendas caindo 46,2%.
Nas importações, o quadro geral se inverte. O Brasil comprou da China US$ 9,05 bilhões em material elétrico, eletrônico e de comunicação até novembro de 2011, número 22,1% maior do que no acumulado de janeiro a novembro de 2010. Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos passaram para US$ 6,2 bilhões, com alta de 22,6%. O crescimento mais sensível foi a importação de automóveis e peças (118%), chegando a US$ 1,3 bilhão, sendo o terceiro item mais procurado pelos brasileiros.
A safra recorde de grãos esperada para 2011 contribuiu para o incremento de 257% na importação de adubo, que foi de US$ 519 milhões. E enquanto o país vendeu mais algodão, aumentou, em contrapartida, a compra de vestuário, que passou de US$ 388 milhões para US$ 612 milhões. Situação similar é a da borracha, usada na fabricação de carros, que passou de US$ 316 milhões para US$ 507 milhões.
A pauta de produtos vendidos pelos países da União Europeia não difere muito da chinesa, mas tem maior densidade tecnológica. Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos somaram US$ 10,4 bilhões, um aumento de 24,6%. O Brasil também comprou mais automóveis e peças: US$ 4,8 bilhões, com alta de 36,6%. Material elétrico, eletrônico e de comunicação ficou em terceiro lugar na balança, com as importações subindo 29,5% e chegando à quantia de US$ 3,8 bilhões, seguido de perto por produtos farmacêuticos (US$ 3,3 bilhões e alta de 16,6%).
Importantes parques industriais de carros no continente americano, Argentina e México são polos exportadores de automóveis e peças, que ficaram em primeiro lugar nos itens importados da região pelo Brasil no ano passado. Ao todo, as compras foram da ordem de US$ 8,5 bilhões, um aumento de 21,5% em relação ao acumulado de janeiro a novembro de 2010. No entanto, as commodities continuam sendo os itens que mais pesam nessa balança. Cobre (US$ 2,3 bilhões, com alta de 18,8%), cereais (US$ 2,1 bilhões, com alta de 30%) e minérios (US$ 1,2 bilhão, com alta de 12,4%) estão entre os dez produtos mais requisitados do mercado latino americano. Os crescimentos mais sensíveis foram registrados em alumínio, de US$ 212 milhões para US$ 510 milhões e leite, ovos e derivados, que passou de US$ 237 milhões para US$ 509 milhões.
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