Valor Econômico - 02/01/2012
Mesmo sólidos e com boas perspectivas de crescimento, os bancos brasileiros também sentiram em suas ações respingos da aversão ao risco causada pela crise. Entre as instituições financeiras, o Santander sofreu a maior queda em valor de mercado entre as empresas listadas em bolsas, perdendo mais de R$ 28,199 bilhões no ano.
O banco tem buscado se desfazer de ativos para levantar recursos em várias de suas filiais para fortalecer a matriz, na Espanha, que terá de atender a novos requerimentos de capital em breve. O receio entre investidores é que a seriedade da situação na Espanha acabe contagiando a subsidiária, embora o Santander afirme ter um modelo de subsidiárias autônomas.
Segundo estudo da Economática, os 23 bancos listados em bolsa no Brasil perderam R$ 70,86 bilhões em valor de mercado neste ano - queda que só não foi maior que a das empresas ligadas do setor de petróleo e gás e mineração.
Apesar do cenário nebuloso na bolsa, o analista de bancos do J.P. Morgan Frederic de Mariz avalia que, como um todo, o desempenho do setor no ano foi bom.
Para ele, 2011 começou com resultado muito forte, mas o segundo trimestre mudou essa tendência, com as medidas de restrição ao crédito impostas pelo Banco Central e com o impacto da crise europeia.
De acordo com o analista, em 2012, a crise impactou muito mais confiança do que os negócios e a qualidade da carteira de crédito foi o tema mais importante do ano, embora ele não considere esse um problema sistêmico.
O Morgan Stanley vê um início de ano difícil para as bolsas em toda a América Latina, mas que uma eventual resolução política europeia deve "ajudar a construir os pilares de um sistema econômico mais sólido e a terminar o ano no azul".
Mais sujeitos a pressões externas por conta do longo prazo de suas carteiras e da dificuldade de financiamento, os bancos pequenos e médios devem ser os principais afetados pela crise: "Em momentos de aversão ao risco, o investidor tende a procurar investir em bancos maiores", diz o analista do J.P. Morgan.
Ainda assim, o analista não acredita que exista um risco sistêmico no segmento: "A maioria desses bancos conta com um balanço e uma liquidez muito sólida, a preocupação é com o médio prazo, se os bancos estão com tanto dinheiro em caixa, é porque ele não está sendo investido".
O índice Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira encerrou 2011 com o terceiro pior desempenho desde o início do Plano Real, fechando a 56.754 pontos, uma queda de 18,11%.
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