GUERRA CAMBIAL DOMINA DEBATE EM CÚPULA GLOBAL


O dólar comercial fechou em queda de 1% ontem, a R$ 1,675 na venda, mesmo após o governo elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos investimentos externos em renda fixa. Esta é a menor cotação da moeda norte-americana desde o dia 2 de setembro de 2008, quando valia R$ 1,663. No ano, o dólar tem desvalorização de 3,90%. Nem mesmo as duas intervenções do Banco Central conseguiram impedir o recuo da divisa. Na primeira intervenção, o BC comprou moeda a R$ 1,682. Na segunda operação, a taxa de corte foi de R$ 1,675.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega voltou a reconhecer que o aumento do IOF, de 2% para 4%, que entrou em vigor ontem, ainda não surtiu o efeito esperado. "Há remédios que não fazem efeito no dia seguinte. Às vezes você começa a tomar um antibiótico e tem de tomar uma semana", disse o ministro, citando que o Japão, por exemplo, também tomou uma medida importante, no sentido de desvalorizar o iene em relação ao dólar, o que afetou muitos mercados. "O que se poderia pensar é que não fez efeito hoje ontem, mas poderia fazer amanhã. E certamente ela a medida vai diminuir o fluxo de capital de curto prazo em aplicações financeiras, o que vai nos ajudar a diminuir a pressão sobre o dólar", afirmou. Segundo ele, o raciocínio é que "se não se tivesse tomado esta medida, com o fluxo grande que estava ocorrendo, se poderia ter uma desvalorização do dólar maior do que de fato ocorreu".

Mantega admitiu, porém, que "esta não é uma medida definitiva que vá resolver todo o nosso problema". "É para atenuar o fluxo forte que se identificou em aplicações financeiras estrangeiras em mercados de renda fixa", ressaltou. Ele informou que vai hoje a Washington reunir-se com ministros da Fazenda dos 24 países mais importantes do mundo, para discutir o mesmo assunto. "A questão cambial é generalizada, não só no Brasil", disse. "Estamos vendo que a cada dia países tomam medidas para impedir que haja valorização da sua moeda. Ninguém quer perder a guerra comercial. Ninguém quer deixar de exportar ou ter sua moeda valorizada artificialmente. Nós temos de discutir em conjunto para acharmos uma saída comum de todos os países". Perguntado se o governo poderia taxar as bolsas, respondeu: "Não havia fluxo excepcional na bolsa.

Portanto mantivemos 2% nas aplicações estrangeiras". Sobre o IOF para compras no exterior com cartão de crédito, Mantega disse que nada mudou. "Exceto em relação aos investimentos estrangeiros no mercado de renda fixa. O resto fica igual."

Fonte: Diário do Comércio e Indústria