Anfavea vai ao ABC e critica importados

Autor(es): Por Carlos Giffoni | De São Bernardo do Campo
Valor Econômico - 29/09/2011

Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foi ontem, pela primeira vez desde o início de sua gestão, em abril do ano passado, à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Apesar de outros presidentes da entidade terem passado por lá, a visita é emblemática, já que Belini também é o presidente da Fiat, cuja fábrica está localizada na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), e não no ABC.

Participaram da conversa cerca de 70 sindicalistas. Na sua apresentação, Belini defendeu a política industrial do governo e dividiu com os metalúrgicos a preocupação com o avanço das importações no setor. "Entre 2005 e 2011, a produção de veículos no país cresceu 40%, enquanto o licenciamento avançou 115%. Os números mostram o avanço do licenciamento de carros não produzidos no Brasil, ou seja, os importados."

O presidente da Anfavea lembrou que nos últimos sete anos a relação entre veículos exportados e a produção nacional caiu de 30% para 14,6%, enquanto as importações avançaram de 5% para 22,4%.

Para Belini, as dificuldades encontradas em infraestrutura e logística na produção industrial, somadas à invasão dos importados, pesam na perda de competitividade do país. "Nossa cadeia produtiva é muito longa, o que gera um alto custo para as empresas". Apesar da abundância em recursos energéticos, Belini levantou a relevância que tais gastos assumem na produção de veículos. "Pagamos caro pela água, gás e eletricidade, principalmente nas indústrias de autopeças."

O presidente da Anfavea aposta na política industrial que vem sendo indicada pelo governo, que aponta o Brasil como um produtor, e não importador de veículos. "O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) atrai investimentos para se produzir veículos aqui, o que dá mais competitividade à nossa indústria, e abre espaço para quem quiser aproveitar o nosso mercado." Ele também destaca a relação do imposto com o emprego. "O IPI protege o emprego nacional uma vez que encarece a importação."

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, saiu satisfeito do encontro. "Ficou claro que a Anfavea e o sindicato concordam que o Brasil deve ser um produtor de veículos, e não um importador. É importante lutar para que os empregos no setor passem a agregar mais valor. Não queremos ser apertadores de parafuso."

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