Dólar em alta exige cuidados redobrados nas viagens ao exterior

Autor(es): Vera Batista e Fábio Monteiro
Correio Braziliense - 18/09/2011

Cotação da moeda já subiu 8,7% neste mês. Analistas indicam os meios de pagamento mais vantajosos

A estabilidade da economia, a valorização do real e o aumento da renda média da população abriram uma nova realidade para os brasileiros: fazer compras no exterior pagando verdadeiras pechinchas. Não são poucos os casos de consumidores que saem do país unicamente para voltar com as malas recheadas de roupas, perfumes, eletrônicos e outros produtos. Em estudo recente, a operadora de cartões Visa divulgou que os brasileiros gastaram, em 2010, cerca de US$ 400 milhões somente em lojas de departamento e de produtos eletrônicos.

A recente alta do dólar, que apenas neste mês subiu 8,73%, levando a cotação a R$ 1,73, não é motivo de preocupação. Segundo César Bergo, economista da Planner Corretora, o câmbio continua favorável para as viagens. "Quem está indo agora, fechou o pacote com o dólar perto de R$ 1,50. Para quem está fazendo planos, só seria problema se a moeda norte-americana estivesse em torno de R$ 1,80. E isso não deve acontecer. Pelo contrário, o dólar deve ceder mais um pouco até o fim o ano", aposta. Apesar dos preços atrativos, os turistas devem pesquisar qual o meio de pagamento mais vantajoso, de forma a conciliar segurança, comodidade e economia nas taxas de câmbio.

Especialistas observam que existem basicamente quatro opções de pagamento para os consumidores: cartão de crédito internacional, cartão de compras pré-pago, cheques de viagem e dinheiro em espécie. Cada opção tem vantagens e desvantagens e a escolha deve ser feita de acordo com o planejamento de gastos do viajante. "O cartão de crédito é para quem precisa de prazo. Pré-pago, cheque ou espécie são mais indicados para os que querem previsibilidade da variação cambial", afirma Valéria Mortari, superintendente de Comércio Exterior do Itaú Unibanco.

O cartão de crédito é atualmente menos atraente para quem vai viajar ao exterior. Isso porque o governo, na tentativa de frear os gastos feitos pelo brasileiros fora do país, aumentou de 2,38% para 6,38%, em abril, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado nas compras efetuadas com cartões. "Antes dessa medida, não havia tanta diferença entre usar o cartão de crédito e as outras modalidades. Mas fica complicado pagar mais de 6% de imposto", analisa Adriana Tieppo, gerente de marketing da Information Planet, empresa parceira do Banco Daycoval. Entretanto, quem participa de programas de relacionamento que dão benefícios, como milhas aéreas, deve avaliar se a utilização dos cartões ainda pode ser vantajosa.

Cartões
Uma modalidade que vem ganhando espaço, nos últimos meses, é o cartão pré-pago. Na prática, funciona como um cartão de débito com utilização internacional. É recomendável, contudo, observar com antecedência o número de estabelecimentos que aceitam esse tipo pagamento nos locais para onde se vai viajar. As principais bandeiras que operam no Brasil oferecem cartões pré-pagos. Os interessados devem entrar em contato com o banco emissor e informar qual o valor que gostariam de carregar na viagem. A operação é feita com base na taxa cambial do dia e, na hora das compras, os valores são descontados diretamente do crédito disponível.

Apesar de essa ser uma das melhores opções, é bom ficar atento às taxas cobradas. "Se o cliente precisar sacar dinheiro, por exemplo, pagará uma tarifa. As taxas variam de uma instituição para outra", explica o superintendente de cartões do Itaú Unibanco, Frederico Souza. Segundo ele, os saques representam apenas 11% das operações com esse tipo de cartão. O restante são compras diretas. "Em operações de alto valor, o meio eletrônico é sempre mais bem aceito", completa.

Os cheques de viagem também possibilitam que o turista faça o câmbio ainda no Brasil. Eles podem ser usados para pagar compras ou ser descontados em casas de câmbio por dinheiro do país de destino. Além de definir previamente a taxa de câmbio em relação ao real, esse meio de pagamento tem seguro contra extravio e roubo, o que dá maior tranquilidade para os viajantes. Muitos hotéis e restaurantes recebem cheques de viagem, mas com a expansão dos meios eletrônicos de pagamento, sua aceitação vem caindo.

Para quem não abre mão de levar dinheiro em espécie, a recomendação é programar todas as despesas com antecedência e fazer uma pesquisa entre as instituições de câmbio antes de realizar a troca da moeda. Os especialistas lembram que é sempre arriscado andar com quantias elevadas, por conta de eventuais roubos ou perdas. No entanto, de acordo com os analistas, quem carrega dinheiro, além de poder usá-lo em qualquer lugar, costuma ter maior controle dos seus gastos do que usuários de meios eletrônicos.

Aeroportos
Não há receita para definir a melhor forma de pagamento que deve ser usada na viagem. "Para quem vai fazer compras, o ideal é ter, em espécie, até 30% do orçamento para cobrir gastos com transporte e alimentação. Por questão de segurança, é recomendável deixar o restante para um meio eletrônico", avalia o educador financeiro Mauro Calil.

Outra boa dica é fechar o câmbio ainda no Brasil. Segundo Calil, a troca antecipada permite planejar as despesas e aproveitar melhor o dinheiro. Além disso, é sempre recomendável evitar, tanto aqui quanto lá fora, os estabelecimentos que operam nos aeroportos. "Eles cobram taxas mais salgadas na conversão de moedas, então é bom evitá-los sempre que possível", alerta.

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