Mudança de regras prejudica consumidor

Valor Econômico - 19/09/2011

Ao comprar carros de marcas novas, seja ou não pela força do marketing e guerra de preços das asiáticas, o brasileiro mostrou que não é fiel quando se trata de automóvel. Mas até agora ninguém explicou ao consumidor por que a regra do jogo sempre muda da noite para o dia. Não é de hoje que o brasileiro se espanta com mudanças súbitas. É provável até que os lançamentos de novos automóveis tenham, até hoje, causado no consumidor menos surpresas do que as mudanças nas regras de impostos.

O IPI foi o tributo mais usado para satisfazer interesses. O caso mais famoso é o do carro popular. Criado no governo de Itamar Franco, o incentivo fiscal nesse tipo de veículo recebeu uma série de ajustes para contentar a todos da indústria à época. Resiste até hoje e é por causa dele que mais da metade dos motoristas brasileiros dirige apenas carros com motor 1.0.

O Imposto de Importação sempre serviu para regular a entrada de carros estrangeiros. Nenhum governo escapou das ameaças das montadoras. Houve casos até de empresas que lotaram suas lojas com modelos importados só para chocar e mostrar ao governo sua insatisfação. Mas, desde a abertura do mercado, no início dos anos 90, depois da polêmica comparação dos carros brasileiros com "carroças", feita pelo então candidato a presidente Fernando Collor de Mello, essa é a primeira vez que a concorrência dos importados incomoda tanto a indústria.

As preocupações começaram há cerca de dois anos, com o aumento de vendas das coreanas Hyundai e Kia, estimuladas pela valorização do real e crise mundial. O quadro piorou com a chegada da chinesa JAC, que trouxe preços competitivos na linha de carros mais baratos, segmento até então dominado pela produção nacional.

Seja qual for o desfecho da polêmica em torno das novas medidas, o consumidor brasileiro já perdeu. Aquele que comprou o carro chinês e que passou o fim de semana ouvindo o deboche dos amigos, sequer sabe qual o valor de revenda de um produto que pode ter se transformado em mico. Mas o que debochou do amigo, que se arriscou com um novo importado, também perde, porque agora fica na mão de uma indústria protegida.

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