Dólar sobe e embala ações de exportadoras

Autor(es): Luciana Monteiro
Valor Econômico - 20/09/2011

Num dia em que tudo indicava que o mau humor do cenário internacional prevaleceria, as exportadoras conseguiram dar um alento aos investidores. A alta de 2,71% do dólar ontem deu impulso às ações voltadas para o mercado externo, beneficiando o Índice Bovespa, que fechou próximo da estabilidade, com queda de 0,19%, aos 57.102 pontos. Em dólar, o Ibovespa cai 22,13% no ano, enquanto em reais, 17,61%.

Com participação de 12,84% no índice, as ações da Vale conseguiram limitar parte da queda do Ibovespa ontem. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) classe A da mineradora encerraram o pregão com alta de 1,35%, cotadas a R$ 43,58. Já os papéis ordinários (ON, com voto) subiram 1,37%, a R$ 47,44. O grande destaque ficou com as ONs da empresa de papel e celulose Fibria, com alta de 3,33%, a R$ 17,98. Outra a se destacar foi Embraer ON, que subiu 2,12%, a R$ 11,55. "Com o dólar mais alto, as exportadoras melhoram seu desempenho, em especial a Vale, que exporta a maior parte de seu minério", explica Mitsuko Kaduoka, diretora da área de análise da Indusval & Partners Corretora.

A alta do dólar nos últimos dias, somando 11,74% em setembro, já coloca as exportadoras entre os papéis com melhores desempenhos no mês. Fibria ON lidera a lista, com valorização de 15,26%, ante 1,07% do Ibovespa. Em dólar, o Ibovespa cai 9,69%. Embraer ON, por sua vez, sobe 14,36%.

Ontem foi dia de vencimento de opções - contratos que dão o direto de comprar ou vender um ativo numa data específica a um preço preestabelecido - na bolsa. O exercício de opções movimentou R$ 4,14 bilhões, o maior do ano, sendo R$ 3,04 bilhões em opções de compra e R$ 1,10 bilhão em opções de venda. O total é cerca de 75% superior ao volume girado no exercício de agosto e o maior desde outubro de 2010, quando somou R$ 4,876 bilhões.

No lado negativo, os dados divulgados pelo Sindicato da Habitação (Secovi) SP - mostrando que o volume de imóveis vendidos entre janeiro e julho na cidade de São Paulo caiu 28,6% - pesaram sobre as construtoras. As ONs da Rossi Residencial caíram 5,17%, a R$ 10,82, enquanto as da Gafisa perderam 4,16%, a R$ 6,91. PDG Realty teve queda de 3,62%, a R$ 6,92, enquanto Brookfield caiu 3,41%, a R$ 13,75. Já as ONs da MRV se desvalorizaram 3,35%, cotadas a R$ 11,83.

Hoje, os mercados abrem repercutindo a notícia divulgada ontem à noite de que a agência Standard and Poor"s reduziu a nota da Itália de "A+" para "A", e manteve a perspectiva negativa. Os investidores ficam atentos ainda à continuação da teleconferência de emergência entre o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, e os inspetores da delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia (UE).

Os olhos se voltam também para a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que se realiza hoje e amanhã. Mas as expectativas de anuncio da terceira versão do "Quantitative Easing" (QE3) - mecanismo pelo qual o BC americano compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia - parecem ter diminuído.

Sem tendência definida, os mercados vêm se movendo basicamente por notícias pontuais, lembra Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros. "O investidor está só dando tiros curtos: se cai, ele compra um pouco, enquanto que, se sobe, ele vende para ter uma ganho de curto prazo", diz.

Luciana Monteiro é repórter de Investimentos. A titular da coluna, Daniele Camba, está de férias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!