Dólar avança 1,40% com rumores sobre corte da nota de risco da Itália

Autor(es): Vinicius Neder, Bruno Villas Bôas e Gabriela Valente
O Globo - 17/09/2011

Moody"s adia decisão. Bovespa tem terceiro pregão seguido de valorização

RIO e BRASÍLIA. Rumores sobre um possível rebaixamento da Itália pela agência internacional de classificação de risco Moody"s e a falta de definição sobre uma solução para a crise da dívida na Europa influenciaram o mercado de câmbio no Brasil ontem. O dólar comercial voltou a subir ontem e encerrou a R$1,733 (alta de 1,4%). É o maior nível desde 23 de novembro do ano passado. Na semana, a moeda acumula alta de 3,28% e no mês, de 8,79%.

No fim do dia, a Moody"s anunciou que deve precisar de mais um mês para avaliar a consistência fiscal e anunciar a decisão da revisão do rating da Itália. Segundo a agência, porém, a perspectiva negativa da terceira maior economia da zona do euro está mantida.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) completou ontem seu terceiro pregão seguido de valorização num dia de ganhos nos mercados externos. O Ibovespa, índice de referência do mercado, avançou 1,47%, aos 57.210 pontos. Para analistas, nada a se comemorar: houve pouca presença de estrangeiros e ações defensivas estavam entre as maiores altas. O índice acumulou na semana ganho de 2,57%.

Investidores passaram o pregão de olho nas notícias vindas da Polônia, onde ocorreu a reunião dos ministros de Finanças europeus. Do encontro, a única decisão tomada foi adiar para outubro a definição sobre o pacote de socorro à Grécia. Mesmo assim, investidores gostaram de ter havido uma tentativa de coordenação para a solução dos problemas da região.

Novo decreto adia cobrança de IOF sobre derivativos

Em Wall Street, o Dow Jones - principal índice da Bolsa de Nova York - fechou em alta de 0,66%, aos 11.509 pontos. O S&P 500 avançou 0,57%, para 1.216 pontos. O Nasdaq, termômetro das ações de tecnologia, avançou 0,58%, aos 2.622 pontos. O mercado espera agora que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anuncie medidas de estímulo para os EUA na próxima quarta-feira.

- Ainda não saiu nada concreto sobre os problemas da Grécia do encontro entre ministros da zona do euro. O mercado é de dólar em alta e bolsas em baixa até o fim do ano - diz o diretor de câmbio da Renova Corretora, Carlos Alberto Abdalla.

No mercado de câmbio, o novo decreto sobre a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações no mercado futuro gerou uma aceleração da alta no início do dia, mas, depois, seguiu o cenário externo, além da própria cobrança de IOF sobre derivativos, o corte inesperado dos juros básicos de 12,5% para 12% pelo Banco Central (BC), e o aumento de apostas de investidores na alta do dólar.

Pelo novo decreto, o governo adiou mais uma vez o pagamento do IOF sobre derivativos do início de outubro para o fim de dezembro. No último dia útil do ano, os aplicadores terão de recolher aos cofres públicos o tributo sobre esses contratos, nos quais empresas assumem compromisso de compra ou venda de dólares no futuro. Em julho, o governo criou um "pedágio" para tentar conter a especulação que alimentava a queda do dólar.

Os pedidos de mais prazo vieram da BM&FBovespa e da Central de Custódia e Liquidação de Títulos (Cetip), que não teriam condições de montar um sistema que permitisse a troca de informações sobre as aplicações dos clientes.

- Como eles têm dificuldade para fazer o sistema de pagamentos, nós prorrogamos mais uma vez o pagamento do IOF para dezembro. Isso não significa que eles não vão pagar, estão pagando desde o dia que saiu, apenas vão pagar a posteriori - disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A medida acabou prejudicando exportadores que usavam os derivativos para se proteger da variação cambial. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, o governo estuda medidas para devolver às empresas o custo com esses contratos.

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