País asiático agora espera do Brasil a "medida certa"

Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 28/09/2011

O vice-ministro de Comércio da China, Jian Chen, considerou ontem "uma medida pequena, não um problema" o aumento no Brasil do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados, mas disse esperar que o governo brasileiro adote mais tarde "a medida certa".

Ao participar em Genebra de um seminário sobre a expansão chinesa no exterior, o representante da segunda economia do mundo e maior parceiro comercial do Brasil, foi indagado sobre a elevação de 30 pontos percentuais no IPI para automóveis com índice de nacionalização abaixo de 65%, e que atinge as chinesas Lifan e Chery, que produzem no Uruguai.

Enquanto respondia ao mesmo tempo várias perguntas, Chen afirmou que "proteção em investimentos só causa prejuízo para o país que a aplica", e divagou sobre os benefícios do livre mercado como um bom funcionário comunista chinês. "Minha ideia é que podem proteger, mas aí os outros países não vão para lá", acrescentou. "O país não obterá os dividendos do desenvolvimento." Enquanto ele falava, empresas chinesas anunciavam "enorme interesse" em expandir negócios no Brasil.

Depois do debate, o vice-ministro, falando fluentemente o espanhol aprendido quando trabalhou na Argentina, deu um sorriso quando indagado se o aumento do IPI se tornara um problema para a China. "Não é um problema, é algo pequeno. Sempre há problemas. O governo [brasileiro] pode achar que está certo, adota a medida, depois pensa que ela não é boa e a retira." Ele admitiu que os problemas estão também do lado chinês: "Claro, claro."

Perguntado se a China pedirá ao Brasil para suspender a medida, ele retrucou: "Não, não. Deixa o Brasil estudar mais tempo para adotar uma medida mais certa."

Em sua palestra, Jian Chen atacou o protecionismo nos países desenvolvidos contra investimentos chineses. Disse que a China está apenas no começo dos investimentos no exterior, "dentro de respeito mútuo e levando em conta as condições locais".

O representante da China destacou benefícios do livre comércio e informou que, pelo plano de Pequim, as importações chinesas vão alcançar US$ 8 trilhões nos próximos cinco a seis anos. Ou seja, vai superar gradualmente o modelo de crescimento baseado em exportações e estimular o consumo doméstico.

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