Importadoras vão pressionar governo

Autor(es): Lino Rodrigues
O Globo - 17/09/2011

Associação alega que alteração no IPI só pode entrar em vigor em 90 dias

SÃO PAULO. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), José Luiz Gandini, disse ontem que a entidade espera que a elevação do IPI por nível de conteúdo nacional nos carros importados só entre em vigor daqui a 90 dias, e não imediatamente, como foi estabelecido pelo governo. Segundo ele, a emenda constitucional 42, de dezembro de 2003, estabelece prazo de 90 dias para que a entrada em vigor de qualquer alteração nas alíquotas do IPI. A entidade ainda vai enviar uma carta, que também será divulgada nos meios de comunicação, à presidente Dilma Rousseff falando dos efeitos negativos da medida no setor.

- Vamos tentar mostrar para o governo que isso (o aumento do IPI) está errado, que é injusto e que o setor não merece. Essa medida é uma pisada no tomate do governo - disse.

Presidente da JAC: exigência inviabiliza novas fábricas

O presidente da chinesa JAC Motors do Brasil, Sérgio Habib, negou que haja uma invasão de importados. Segundo ele, a chegada dos carros chineses ajudou a reduzir os preços no mercado local. Para o executivo da JAC, que já anunciou investimento de R$900 milhões em uma unidade no país, as exigências de nível de nacionalização de até 65% inviabilizam a instalação de novas montadoras no Brasil.

Segundo Habib, para atingir tal nível de nacionalização são necessários de dois a três anos. Ainda assim, ele garantiu que os investimentos previstos pela JAC serão mantidos.

Gandini, da Abeiva, que também é presidente da Kia Motors no Brasil, acusou a Anfavea, que reúne as montadoras com fábrica no país, de ter costurado a alta do IPI com o governo para prejudicar importadores. Para ele, a consequência imediata da medida será o aumento de preço dos carros nacionais com valor até R$60 mil, que não terão mais a concorrência dos importados:

- Ao prejudicar a competitividade, esse novo regime vai dar às montadoras que fabricam no Brasil liberdade para cobrar o que quiserem.

O acréscimo de 28% no preço dos importados só será sentido pelo consumidor em 30 dias, quando acabarem os estoques faturados com a alíquota antiga do IPI. Para Gandini, as importadoras farão de tudo para não elevar preços.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!