OMC dá razão aos EUA na "guerra dos pneus" com a China

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deu razão aos Estados Unidos em mais uma batalha contra a China, que tinha acusado a maior economia mundial de proteccionismo por ter aumentado os direitos aduaneiros sobre as importações de pneus chineses no ano passado.

"Concluímos que, ao impor medidas de protecção transitórias a 26 de Setembro de 2009 sobre as importações de pneus chineses, os EUA não desrespeitaram as regras do comércio internacional”, considera a organização num relatório hoje divulgado. O representante do comércio externo norte-americano, Ron Kirk, classificou já esta decisão como uma “vitória maior” dos EUA.

A queixa da China à OMC foi apresentada em Setembro do ano passado e acusava os Estados Unidos de proteccionismo devido ao facto de terem aumentado os direitos aduaneiros sobre a importação de pneus chineses. Em Janeiro, a OMC anunciou a criação de um grupo de peritos para analisar o caso. A decisão foi agora divulgada, mas Pequim tem ainda 60 dias para recorrer.

No ano passado, com a economia norte-americana a afundar-se e o desemprego a disparar, o presidente Barack Obama cedeu a pressões para reduzir as importações chinesas, anunciando um aumento das tarifas sobre as importações de pneus provenientes da China durante três anos.

A medida tomada por Obama vinha responder, sobretudo, às reivindicações das uniões de trabalhadores norte-americanas, que atribuíam a culpa do fecho de fábricas e da perda de postos de trabalho ao aumento das importações de pneus da China.

De acordo com a agência AFP, as importações de pneus chineses pelos EUA triplicaram de volume nos últimos quatro anos, atingindo 1,8 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros). A produção de pneus nos EUA diminuiu 25 por cento nesse período, provocando a destruição de 14 por cento dos empregos do sector.

Já a China estima que a decisão americana de aumentar as tarifas sobre os pneus chineses provoque a destruição de 100 mil empregos e custe um milhar de milhão de dólares à indústria chinesa.