Brasil admite discutir acordo com os EUA

Valor Econômico - 30/03/2011

O Brasil admite examinar a negociação de um acordo comercial com os Estados Unidos, embora ainda mantenha esperança de evitar o fiasco da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não temos problema de nossa parte, os americanos é que têm com suas barreiras comerciais e resistência (de liberalização) no Congresso", afirmou o assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia.

Depois do novo impasse sobre Doha, na semana passada, negociadores americanos falaram informalmente na cena comercial que agora se poderia, inclusive, examinar uma discussão bilateral entre o Brasil e os EUA. Na prática, os problemas que bloqueiam Doha persistiriam também.
Garcia informou que o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, vai ao Brasil em fins de abril. O objetivo é mais uma vez tratar da combalida negociação de Doha, agora com as autoridades do novo governo. Lamy sabe que a posição brasileira mudou e a margem para negociar se estreitou bastante.

A percepção na cena comercial é de que a indústria brasileira atualmente não quer acordo de liberalização com ninguém, nem na OMC, entre Mercosul e União Europeia ou qualquer outro. A pressão sofrida pelo câmbio forte, o enorme volume de importações e outras dificuldades tiraram o ânimo de boa parte da indústria por barganha de abertura comercial.

Enquanto isso, a situação internacional também dificulta os negócios para empresas brasileiras. O distanciamento diplomático com o Irã pode resultar em menos comércio, sobretudo de exportação de carne bovina, que atingiu US$ 800 milhões no ano passado. Mas Garcia tem dúvidas de que a baixa do comércio ocorrerá.

Na Líbia, segundo ele, construtoras brasileiras não estão perdendo com a paralisação de obras, porque "está tudo segurado". Por outro lado, ele deixou claro que na visita da presidente Dilma à China, dentro de duas semanas, ela não abordará a questão de direitos humanos.

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